sábado, 9 de abril de 2016

Sem publicidade para criança

Marcas de refrigerantes e bebidas adoçadas vão parar de fazer comerciais voltados a menores de 12 anos. Entenda por que a medida pode ajudar a combater a obesidade infantil.
As crianças não estão mais na mira da publicidade de refrigerantes, sucos de caixinha e outras bebidas adoçadas. No início de março, a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir) anunciou que está orientando as empresas associadas a parar de fazer propaganda voltada a menores de 12 anos em todas as mídias, seguindo uma tendência mundial.
Os comerciais de refrigerantes e sucos artificiais também devem deixar de ser veiculados em programas de televisão cuja audiência seja formada por pelo menos 35% de crianças. A medida inclui a retirada de celebridades e personagens relacionados ao universo infantil das estratégias de marketing. Promoções que oferecem brinquedos serão revistas. Marcas que têm logotipo com conotação infantil deverão usar a imagem visual com moderação, e sempre direcionada a adultos. Os associados da Abir respondem por 85% da produção de refrigerantes, sucos, chás, isotônicos e águas do País.

Combate à obesidade
O fim da publicidade de bebidas adoçadas com foco nas crianças é um passo importante no combate à obesidade infantil. O número de crianças abaixo dos cinco anos com excesso de peso aumentou em 10 milhões nos últimos 15 anos em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A taxa, que em 1990 era de 4,8%, passou para os atuais 6,1%. Para a entidade, a publicidade é uma das responsáveis pelo crescimento.
No Brasil, o dado é ainda mais preocupante: 7,3% das crianças nessa faixa etária estão com excesso de peso, segundo indicadores do governo federal. Os números também revelam que uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos (33,5%) está acima do peso.
Diversos estudos comprovam a influência da publicidade. Uma pesquisa da Universidade de Liverpool, publicada no American Jounal of Clinical Nutrition, indicou que a exposição de crianças a anúncios na televisão ou na internet levou a um aumento significativo na ingestão de alimentos não saudáveis, como salgadinhos e biscoitos. Já um estudo divulgado na revista Pediatrics revelou a relação direta entre o consumo de bebidas adoçadas e o aumento da obesidade em crianças. Os pesquisadores concluíram que crianças que consumiam refrigerantes e sucos com açúcar todos os dias eram mais gordas aos cinco anos de idade.

Os números mostram que a restrição da publicidade é necessária e deveria ser adotada por outras indústrias. Enquanto isso, os pais precisam ficar atentos à alimentação dos pequenos, priorizando alimentos naturais e preparados em casa. Afinal, evitar salgadinhos, doces, hambúrgueres, frituras, sorvete e outros produtos industrializados pode determinar a saúde e o futuro das crianças.
Publicado em 03/04/2016 às 00:05.

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