sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Quanto tempo você passa no celular?


Você acorda com o celular, vai ao banheiro com ele, olha a tela a cada minuto e não desgruda nem durante o almoço? Pois é, nos últimos anos, o celular ganhou lugar de destaque na vida das pessoas. Com o aparelho, é possível falar com familiares, marcar reuniões, fazer dieta, ler notícias, ver filmes, buscar emprego e obter uma série de vantagens. O problema é que cada vez mais pessoas não conseguem viver sem o celular e passam várias horas no aparelho sem perceber. 

Dependência
 
Existe uma medida para que o uso do celular seja saudável? Quem explica é Sylvia Van Enck, psicóloga do Programa de Dependências Tecnológicas do Pro-Amiti, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (FMUSP): “quando a pessoa não tem possibilidade de usar o celular e entra em uma ansiedade muito grande, fica toda hora conferindo para saber quando a rede vai voltar e não consegue se concentrar em outras atividades, já está caracterizada a dependência”, diz. O medo de ficar sem celular tem até nome: nomofobia. 

O avanço da tecnologia e a mudança de hábitos contribuem para a dependência do celular. “As pessoas estão cada vez mais conectadas aos recursos que o celular oferece, passam a usá-lo cada vez mais e isso de alguma forma as leva a acreditar que precisam estar atentas a tudo”, afirma. 

Sylvia acrescenta que o uso do celular ajuda a liberar um hormônio no cérebro que dá a sensação de prazer, o que contribui para a dependência. “Se a pessoa passa cerca de oito minutos no celular, o cérebro libera dopamina, o que traz a sensação de prazer e alivia momentos de tensão e preocupações. Isso também é uma oportunidade de a pessoa adiar uma decisão ou atividade em que ela não esteja muito segura, é uma espécie de fuga”, esclarece. 

Riscos
 
O uso excessivo do celular pode prejudicar a comunicação entre as pessoas, promover o isolamento, colocar a vida em risco e até provocar brigas familiares. “Muitos atravessam a rua olhando o celular e não percebem o que ocorre no entorno. Outro aspecto é que as pessoas se acomodam com a comunicação virtual e perdem oportunidades de contato presencial. O uso de abreviaturas e emojis prejudica a atenção, a compreensão e a própria linguagem”, alerta. Pessoas dependentes de celular podem se afastar de amigos, desenvolver ansiedade, perder momentos importantes em família, ter dificuldades no trabalho e problemas para dormir. 

Limites 
 
O uso moderado do celular exige autocontrole e determinação para criar limites, pondera Sylvia Van Enck. “Se não existem limites, a pessoa fica horas conectada só respondendo mensagens que geram outras mensagens, principalmente no caso de quem participa de grupos. Coloque um período para responder mensagens, por exemplo”, ensina. 

Ela também sugere que o celular seja desligado em alguns momentos do dia, como durante os estudos ou o trabalho. E, se o celular já afeta as relações familiares, é importante buscar ajuda especializada. “Nós orientamos a buscar uma terapia familiar, pois o problema afeta toda a família.” Ela diz que não adianta quebrar o aparelho ou ameaçar a pessoa que está dependente do celular, pois ela vai buscar o recurso em outro lugar. 

Crianças e tecnologia
 
As crianças estão conectadas ao celular cada vez mais cedo, mas muitos pais desconhecem os riscos do aparelho. A neuropsicóloga e mestre em psicologia Deborah Moss lembra que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças de até 2 anos fiquem longe de tecnologias como o celular. Entretanto, ela admite que não é possível apenas proibir o uso pelos pequenos. “A tecnologia faz parte da realidade dessa geração desde o nascimento, não dá para negar. Mas é preciso analisar os riscos, definir limites e orientar as crianças desde pequenas”, explica. “Antigamente, os pais falavam para não conversar com estranhos, não aceitar balas na rua, tinha hora para voltar para casa, os pais davam limites. Com o celular é a mesma coisa.” 

Após os 2 anos de idade, o uso do celular e outras telas deve ser limitado a poucos minutos por dia, recomenda. Deborah destaca que os pais devem dar o exemplo e evitar o uso excessivo do aparelho, além de oferecer opções de lazer longe das telas. 

Antes de comprar um celular para a criança, ela aconselha os pais a analisar se o aparelho é realmente necessário. “Com o celular, a criança corre o risco de entrar em situações em que não tem maturidade para lidar”, afirma. “A tecnologia veio para ampliar possibilidades, mas está limitando-as porque as crianças estão ficando obesas, com problemas de coluna e outras doenças relacionadas ao excesso de uso”, adverte.




Fonte: https://www.universal.org/noticias/quanto-tempo-voce-passa-no-celular

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