sexta-feira, 3 de junho de 2016

Onde está a corrupção?

Uma sorveteria de Santos, cidade do litoral paulista, apostou na honestidade de seus clientes, mas perdeu a aposta. Um freezer com sorvetes foi colocado na área externa da loja. Em cima do equipamento, foi colocada uma pequena caixa para que os clientes deixassem o pagamento referente ao produto escolhido. Não havia no local funcionário ou câmera de vigilância. Os consumidores ficaram à vontade para pegar e pagar. mas nem todos pagaram. Alguns consumidores que não tinham dinheiro trocado deixaram mais do que o valor do sorvete adquirido. Outros procuraram o caixa convencional, dentro da loja, para pagar em débito ou crédito. Ainda assim, o prejuízo foi de 16%. Na Europa, são comuns os “caixas rápidos”. O próprio cliente passa as compras pelo leitor de código de barra, embala os produtos e paga com cartão. Em alguns Estados brasileiros, como no Paraná, essa modalidade já existe. Claro que alguém pode tentar ver o lado bom na questão da sorveteria de Santos e alegar que a maioria (84%) pagou honestamente. Ainda assim, a empresa terá que arcar com os 16% restantes por causa dos oportunistas. Quem pegou o sorvete e não pagou por ele cometeu um crime. Por que pessoas que tiram vantagem e proveito de situações como nesse caso não são consideradas ladras? A lei é clara: apoderar-se de alguma coisa que pertence a outro sem pagar é furto. Mas aí vem aquela velha (e absurda) justificativa: “todo mundo faz.” Como se isso fosse razão para alguém praticar algo ilegal. Não é.

Crime disfarçado

Tirar vantagem de alguém (e se vangloriar disso) é algo ruim, danoso. O curioso é que muitos dos que fazem isso sentem-se indignados quando veem na TV matérias sobre a corrupção no País. Não pensam que ao se apropriarem do que não lhes pertence também estão sendo corruptos. São muitas as práticas desonestas que acontecem no dia a dia: ficar com o troco a mais, dado por engano; não declarar devidamente o Imposto de Renda, “furar” um pedágio, etc. Um país se faz com a prática do respeito e da honestidade – que não são necessariamente virtudes, mas obrigações de qualquer cidadão. E isso não vale somente para os políticos, mas para cada um de nós. Voltando à sorveteria santista, a iniciativa vai ficar só na base da experiência mesmo. Nas próximas semanas, quem quiser tomar seu sorvete vai ter que recorrer ao bom e velho caixa interno, operado por um funcionário. Lá, assim como em um país que deseja ser sério, liberdade e democracia só funcionam quando cada pessoa é capaz de fazer o seu papel de cidadão e quando cada indivíduo age corretamente, com honradez e honestidade.

Nenhum comentário: