sexta-feira, 13 de abril de 2018

Assembleia Legislativa debate descobrimento do Brasil em Touros

Fotos: João Gilberto
A Assembleia Legislativa do RN promoveu na manhã desta quinta-feira (12) um debate em torno da teoria que defende o município de Touros como local de descobrimento do Brasil. Proposta pelo deputado Carlos Augusto Maia (PCdoB), a audiência pública “Touros, o Brasil nasceu aqui” reuniu na Câmara Municipal de Touros, historiadores, estudiosos do assunto, vereadores de Touros, Natal e representantes do setor turístico do estado e município.  O debate aconteceu dez dias antes da comemoração de 518 anos da descoberta do Brasil

“Trata-se de uma reparação necessária ao nosso Estado. Essa teoria mexe com a autoestima do povo potiguar. Precisamos abraçar esse tema para que o povo tenha acesso a esses argumentos e quem sabe, possamos mudar a história. As potencialidades turísticas que podem resultar a partir desse assunto são inestimáveis”, destacou o parlamentar.

Para o historiador e escritor Antônio Holanda a história do Brasil é feita através de conveniência. Ele defende a apresentação de documentos que comprovem as teorias. “Há 20 anos que defendo a teoria que o Brasil nasceu aqui no RN. E isso é muito importante para a gente. E me incomoda essa falta de reconhecimento. Também considero uma agressão a retirada do marco de Touros do local de origem para colocar dentro do Forte dos Reis Magos, ele é o documento mais antigo do Brasil”, disse. 

Autora do estudo “O Brasil começa aqui” e professora do curso de Turismo da UFRN, Rosana Mazaro, destaca as características culturais dos habitantes do território potiguar - conhecidos pela prática do canibalismo - e outras questões para que o título de local de descobrimento do Brasil tenha ficado com a Bahia. “Temos que ter inteligência para transformar essa história em atrativos e reverter isso para o RN”. 

O historiador e publicitário Marcus César prefere destacar a cerimônia de posse do Brasil por Portugal, que segundo ele, ocorreu em Touros no ano de 1501 com a fixação do Marco. “A descrição topográfica contida na carta de Pero Vaz de Caminha coincide com Porto Seguro, já o marco não cabe contestação. É o documento jurídico mais antigo do Brasil”, frisa. 

No dia 7 de agosto de 1501 foi colocado o Marco de Touros, um dos símbolos da colonização de Portugal. Há inclusive uma lei estadual (Nº 7.831) criada pelo ex-deputado estadual Valério Mesquita, assinada pelo então governador Garibaldi Alves Filho, comemorando o 7 de agosto como Dia do Rio Grande do Norte. Lei embasada a partir de estudos desenvolvidos pelo historiador Marcus César Cavalcanti de Morais. 

A presidente da Câmara de Vereadores de Touros, Isabel Cristina de Melo, enalteceu o debate promovido pela Assembleia. “Hoje é um dia histórico uma vez que reuniu autoridades de diversas áreas em torno dessa tese que envolve não só o município de Touros, mas todo o Rio Grande do Norte”. Representando a prefeitura de Touros, o vereador Diego França também agradeceu a presença da Assembleia Legislativa no município.
A importância dos ganhos para a cultura e economia de todo o estado foram ressaltados pelo vereador de Natal, Robson Carvalho, que vai levar o debate para a Câmara de Natal no próximo dia 27. “Não posso ser hipócrita e negar os ganhos econômicos de comprovação dessa teoria”, disse após apresentar projeto de lei de sua autoria que garante a abordagem desse assunto em sala de aula.

O olhar estrangeiro também foi contemplado na audiência pública. O português Paulo Gouveia destacou que apesar de os indícios que confirmem essa teoria serem muitos, é preciso ter provas. “Por isso sugiro que os interessados e defensores dessa teoria pesquisem as cartas dos navegantes, guardados no Arquivo Nacional da Biblioteca do Tombo, em Portugal. Não acredito que eles tenham rasgado esses documentos”, sugeriu.

Os primeiros trabalhos sobre o assunto surgiram em 1998, quando o historiador Lenine Pinto reuniu evidências sobre o assunto no livro “A Reinvenção do Descobrimento”. Agora, mais um livro reforça essa tese. A obra “1500 – De Portugal ao Saliente Potiguar”, de Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto, consolida o pensamento sobre o descobrimento no RN.

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