domingo, 28 de janeiro de 2018

Os riscos da obesidade juvenil

Por Janaina Medeiros/ Fotos: Fotolia, Marcelo Alves e Cedida

A obesidade é um problema de saúde pública que atinge grande parte da população mundial. Hoje, mais de 2 bilhões de pessoas estão acima do peso no mundo todo, sendo que 60% delas estão na América Latina. No Brasil, atualmente, mais da metade da população adulta está com sobrepeso e cerca de uma em cada cinco pessoas é obesa.

Entre a população juvenil, a situação também é bem drástica. De acordo com uma pesquisa recente do Ministério da Saúde, a prevalência da obesidade entre os jovens entre 18 e 24 anos quase dobrou de 2006 a 2016, passando de 4,4% para 8,5%. A análise consta da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2016.

O excesso de peso é preponderante durante a adolescência. Segundo a última pesquisa realizada em 2014 pelo Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), 7,8% dos alunos do País entre 13 e 17 anos estão obesos.

Se a obesidade já é um problema na adolescência, provavelmente continuará sendo na vida adulta. A endocrinologista Carmen Cervi Santana comenta que geralmente os pais não interferem na rotina do filho quando ele já está engordando, o que faz com que ele continue ganhando peso. “Quando chega a adolescência, os pais não veem o excesso de peso do filho como um problema. Por isso, acabam não fazendo nenhuma intervenção em sua rotina de alimentação e de atividade física. Então, esse é um passo para que ele se torne um adulto obeso”, afirma.

Ela destaca que os deslizes com a alimentação já começam na infância, com a introdução de alimentos hipercalóricos. “Muitas crianças, até mesmo aquelas que nem estão em idade escolar, consomem muitos alimentos ultraprocessados, ricos em gordura e açúcares, dando início à raiz da obesidade”, declara.

Graves consequências

A obesidade não é apenas uma questão de estética, ela também está associada ao surgimeto de doenças crônicas, como pressão alta, diabetes e problemas cardiovasculares. Fora isso, há também os impactos psicológicos e sociais que afetam a vida do jovem e das pessoas com as quais ele convive. “Cada vez mais cedo os jovens estão tendo que tratar doenças relacionadas ao excesso de peso. Hoje há jovens de 15 a 25 anos tomando remédios para doenças que apareciam em outras faixas etárias, como aos 40, 50 anos”, diz a endocrinologista.

Rotina apressada

A nutricionista Angélica Grecco, do Instituto Endovitta, comenta que a alimentação não é prioridade para o jovem brasileiro, tendo em vista a quantidade de atividades que ele costuma realizar diariamente. “Os jovens vivem apressados e, na correria do dia a dia, a alimentação passa a ser apenas um item das tarefas diárias. Com isso, houve aumento do consumo de alimentos processados e de lanches rápidos e também do ato de comer mexendo nos celulares”, justifica.

Entretanto, ela destaca que a rotina agitada dos jovens não deve ser desculpa para não dedicarem parte do dia aos hábitos saudáveis e que isso vale inclusive para aqueles que não se alimentam em casa. “É fundamental parar para almoçar, tentar comer na companhia de outras pessoas e dar preferência aos locais que servem refeições feitas na hora. Esses restaurantes, normalmente, oferecem pratos que são feitos com alimentos in natura e minimamente processados”, enfatiza.

É importante também conhecer os alimentos que consome e tentar preparar a própria comida. “Quando temos tempo para preparar uma refeição, temos maior facilidade de acessar alimentos mais saudáveis. E, quando somos nós que cozinhamos, podemos usar óleos, gorduras, sal e açúcar em quantidades menores”, reforça a nutricionista.

Ela ainda ressalta que o sedentarismo, geralmente associado à falta de tempo, também é o grande vilão da obesidade nessa fase. “Há uma redução nas atividades que promovam gasto calórico. Muitos jovens usam excessivamente os elevadores em vez de subir escadas, andam de carro e moto e não a pé e, mesmo quando estão ociosos, ficam concentrados na tela do televisor e do celular e não se movimentam.”

Para ela, a atividade física é capaz de barrar a obesidade porque auxilia na escolha de outros hábitos saudáveis. “Quando o jovem passa a cuidar do corpo, mantém também equilibrado seu emocional. Sua autoestima se eleva, ele passa a ter uma boa relação interpessoal com as pessoas, aumenta sua autoconfiança e, com certeza, terá melhor qualidade de vida e longevidade”, declara.

Fonte: universal.org

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