sábado, 16 de julho de 2016

Julgar pela emoção: erro fatal


Tudo começou a vir a público em 2007, quando a pequena Ellie Butler, com apenas 1 mês de vida, deu entrada num hospital e os exames mostraram ferimentos em seu cérebro, como os produzidos quando um bebê é violentamente agitado por alguém.

Os médicos alertaram a polícia e foi constatado que o pai da menina, Ben Butler, (foto ao lado) com histórico de violência, feriu o bebê em um de seus acessos de fúria. Ellie se recuperou das lesões enquanto Ben foi condenado a um ano e meio de prisão em 2009. Mas, em 2012, uma verdadeira campanha na mídia, cheia de emoção, inocentou Ben, ao vender a imagem de que ele procurava ser o “pai modelo” e que contou inclusive com o apoio de Jeannie Gray, sua esposa e mãe de Ellie, que fez chorosos apelos na TV. Por causa da pressão popular, a Justiça o absolveu e a menina, que estava morando com os avós, voltou a residir com os pais. A polícia protestou e o avô materno da pequena, Neal Gray, avisou a juíza que se devolvesse Ellie a Ben teria o sangue da pequena em suas mãos. O avô chegou a gastar todas as economias com advogados, para tentar reaver a neta, mas não teve sucesso. Sempre que conseguia visitar a menina, que era alegre e desinibida, notava que ela estava calada, triste e tímida.

Em outubro de 2013, Ellie, então com 6 anos, foi encontrada morta em casa, em Sutton, sudoeste de Londres. Segundo a Scotland Yard, a polícia metropolitana londrina, Ben golpeou a garota na cabeça várias vezes.

A morte de Ellie, após toda aquela campanha na mídia para inocentar o pai, já era motivo de sobra de indignação do público, mas, para piorar a situação, Jeannie tentou encobrir o homicídio do marido contra sua própria filha, fazendo-o parecer um acidente. Ela deixou a pequena na cama, como se estivesse dormindo, e mandou o irmão menor chamá-la para comer bolo. O garotinho voltou espantado, dizendo que ela não acordava, até que a mãe ligou para a emergência.

O casal foi preso após a Scotland Yard descobrir tudo. O juiz encarregado do caso afirmou que a mulher era psicologicamente dependente do marido, além de ser verbal e fisicamente abusada por ele.


Neal, o avô, relatou que um dia antes do assassinato viu rapidamente a neta, que estava calada demais e apresentava arranhões e marcas na testa. Tudo isso fez com que a inocência de Ben esteja sendo revista pela Justiça britânica. Muitos questionam: se até mesmo uma juíza, que estudou para julgar, cometeu um erro tão trágico, como pode um leigo fazer julgamentos sobre as pessoas sem nem ao menos tentar conhecê-las? Como alguém apoia uma causa rendendo-se facilmente às emoções sem realmente analisá-la? Mesmo que a atitude não resulte em algo tão grave quanto a morte violenta de uma criança, apelar para o emocional sempre causa dissabores que poderiam ser evitados, caso a razão fosse usada na hora do julgamento.

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