terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Você confia em tudo o que lê na internet?


Em uma época em que qualquer pessoa publica informações na internet, fica ainda mais difícil separar o que é verdadeiro e o que é boato ou ainda o que é notícia espontânea ou patrocinada. Umberto Eco afirmou que as redes sociais dão o direito à palavra a uma "legião de imbecis" que antes falavam apenas "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".
 
As redes sociais são o terreno mais fértil para esse conteúdo, pois facilitam a postagem e o compartilhamento de conteúdos. Alguns se tornam virais e se espalham rapidamente, independentemente de serem verdadeiros ou não. 

Será que o público sabe diferenciar o joio do trigo na safra virtual? Aparentemente não, segundo estudo coordenado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, uma das mais respeitadas quando o assunto é comunicação.

Um levantamento feito entre estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior de 12 Estados norte-americanos mostrou que a maioria “engole” o que lê na rede sem questionar, independentemente de o conteúdo ser real ou não. Isso prejudica, segundo a pesquisa, a formação midiática dos indivíduos – ou seja, a capacidade de acessar, avaliar e criar mensagens de vários tipos. Em palavras mais simples, isso atrapalha o aprendizado em geral e a percepção do mundo ao redor.

Muitos conteúdos foram submetidos aos estudantes, entre matérias jornalísticas e postagens em redes sociais como o Facebook e o microblog Twitter. Uma das tarefas dadas aos pesquisados era explicar por que não seria possível confiar completamente em um artigo patrocinado por uma empresa ou escrito por um executivo. Também foi pedido que distinguissem matérias de conteúdo publicitário. Não só a maioria achou que não era problema confiar em algo patrocinado como também não soube diferenciar uma notícia real de uma paga.

A discussão ganhou terreno e o próprio Facebook, rede social onde foi identificado muito conteúdo falso, foi bombardeado com críticas. Mas o presidente da empresa, Mark Zuckerberg, deixou claro que não ligava para a veracidade das informações, pois, falsas ou verdadeiras, eram bastante acessadas. Logo, porém, ele teve de dar meia volta e divulgou que sua rede social terá o conteúdo analisado pelos próprios internautas.

Isso deixa claro que muitos leitores e internautas focam mais no conteúdo do que nas fontes de informação, que conferem credibilidade quando são idôneas e competentes. Tão importante quanto o que é dito é quem diz, mas a maioria se esquece disso.

A pesquisa mostrou que os estudantes têm extrema “fluência” em redes sociais e internet, mas não têm nem critérios para verificar as informações. Não “filtram” o que captam nem procuram opiniões ou considerações de fontes diferentes, “engolindo” com facilidade a primeira notícia que aparece.

Nunca houve tanta informação circulando ao mesmo tempo. Mas vale ressaltar que tanto a qualidade quanto a credibilidade continuam a fazer muita diferença, embora grande parte dos leitores e internautas ainda feche os olhos para isso. Entra em cena, portanto, a relevância do consumidor de conteúdo. Ele é quem determina o que consome e analisa e a ele cabe não se comportar como uma lixeira, que recebe qualquer sujeira sem questionar.

E você, leitor? Usa o senso crítico ou já sai espalhando “correntes”, notícias falsas e outros tipos de mensagens sem verificar a fonte e a veracidade da informação?

Autor: Marcelo Rangel

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