sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O famoso jeitinho brasileiro



O povo brasileiro é mundialmente conhecido como um povo alegre, criativo e capaz de gerar soluções práticas para os problemas. Claro que essa última característica não se resume a agilizar a burocracia, otimizar o tempo e as relações comerciais e sociais, mas está associada ao famoso “jeitinho brasileiro”, em que, para conseguir o desejado, vale quebrar regras e até cometer atos ilícitos.
Isso foi retratado até mesmo nos cinemas, quando, nos anos de 1940, o Brasil ganhou visibilidade internacional com o personagem Zé Carioca. O conhecido papagaio, com seu jeito de malandro, encontrava solução para tudo e saía de qualquer enrascada. Essa esperteza brasileira é uma velha conhecida que foi se arraigando em nossa cultura, de maneira que se tornou aceita para que benefícios pessoais sejam alcançados.
Por exemplo, há pessoas que estacionam seu carro em vagas destinadas a deficientes e idosos, furam a fila, compram atestado médico, compram monografia, enganam no troco, “pagam um café” para se livrar de uma multa, surrupiam material da empresa, como canetas, papel sulfite, papel higiênico, sabonete, etc. Sem falar dos milhões de “gatos” feitos para roubar luz, água, internet, sinal de TV a cabo, etc.
O problema é que essa habilidade, que começa na infância e normalmente dentro de casa, vai se refinando até se tornar em crime lá na frente. Por isso temos tantos ladrões de colarinho branco que roubam o pão da mesa dos mais fracos, vemos o direito que o doente tem de ser atendido dignamente em um hospital público ser ignorado, a escola e a merenda das crianças serem fraudadas, etc. E não apenas isso: quantos mentem e fazem de tudo para levar vantagem e acham que não serão penalizados? Muitos se acostumaram com a ideia de que vale tudo para subir na vida.
Diante disso, é uma incoerência clamar por políticos honestos, se a desonestidade campeia solta no dia a dia da maioria! Que contradição exigir a verdade dos outros, quando “mentirinhas” são contadas a três por quatro para se safar de problemas. Escândalos que nos envergonham têm raízes em pequenas ações erradas, permitidas e incentivadas, em nome da esperteza.
Sendo assim, o problema não está no político que estava antes ou no que virá e muito menos na sigla partidária. Ele está em toda a nação, pois a “matéria-prima humana”, isto é, as autoridades que constituem nossos Três Poderes, está doente moralmente.
Então fica latente que a necessidade urgente é de integridade, de homens e mulheres que façam o que é certo como algo natural e constante. Pessoas que sejam corretas não apenas quando alguém está vendo, mas quando ninguém está por perto, pois o que as coage é o seu caráter e não a observação alheia.
Chega de jogar a culpa em terceiros. Temos direitos como cidadãos, mas também deveres, e precisamos assumi-los, antes que não haja mais nada a ser feito pelo País. Individualmente, fuja de tudo o que é ilegal ou imoral, pois trará danos à nação. As consequências pelo bem que fazemos sempre virão, assim como não passarão em branco as consequências das nossas más atitudes.

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