Os
candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves
(PSDB) durante debate em São Paulo (SP) (Foto: Nelson Almeida/AFP)
Os ataques entre os candidatos marcaram o primeiro debate presidencial
do segundo turno entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), na
noite desta terça-feira (14), na TV Bandeirantes. O G1 acompanhou em tempo real.
Por mais de uma vez, Aécio acusou Dilma de mentir. Afirmou que ela é
"desinformada" e "leviana". Dilma disse que o adversário beneficiou um
parente na construção de um aeroporto regional e apontou "nepotismo" do
tucano.
Logo no primeiro bloco, Dilma responsabilizou o governo de Aécio em
Minas pelo "desvio" de R$ 7,6 bilhões na saúde. De acordo com a petista,
o valor está descrito na página do Tribunal de Contas de Minas Gerais
na internet. Aécio rebateu, dizendo que teve todas as contas aprovadas
pela Corte. “A senhora está desinformada. Todas as nossas contas foram
aprovadas pelo Tribunal de Contas”, afirmou Aécio.
O candidato tucano também disse ser atacado constantemente por Dilma
durante a campanha e perguntou se ela não se arrepende dos "ataques tão
violentos e tão crueis" aos adversários.
“Quem faz ataques é o senhor. Vocês distorcem. Dizem que foram os pais
do Bolsa Família [...]. Nos bancos públicos, seu candidato a ministro da
Fazenda diz que temos que mudar e no final diz que não sabe o que vai
fazer com bancos públicos”, declarou Dilma. “A senhora deturpa aqui
palavras do Arminio Fraga. O que vamos dar aos bancos públicos é
transparência”, rebateu Aécio.
No segundo bloco, Aécio perguntou a Dilma sobre inflação. Ele disse que
o governo perdeu o controle da inflação, que, segundo o tucano, cresceu
durante o governo dela. "Como é que querem que eu acredite que, com o
mesmo cozinheiro, vocês vão entregar a mesma receita?", indagou a
presidente, em referência ao economista Armínio Fraga, ex-presidente do
Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, antecipado por Aécio
como futuro ministro da Fazenda caso ele ganhe a eleição. Dilma afirmou
ter certeza de que, até o fim do ano, a inflação estará em 6,5%, dentro
da meta.
Aécio se disse "impressionado" com a "obsessão" de Dilma por Fraga.
"Felizmente já tenho um nome que sinaliza para a previsibilidade na
nossa economia", declarou. "Para quem a previsibilidade? Previsibilidade
para ter a maior taxa de desempregados, em 2002? Previsibilidade com
desemprego?", questionou a candidata.
Aécio respondeu dizendo que Dilma insiste em olhar pelo retrovisor.
"Seu governo chega ao final de forma melancólica", afirmou o tucano,
para quem a rival "falta com a verdade".
Os dois também se confrontaram em relação ao tema corrupção, levantado por Aécio, que fez referência ao escândalo da Petrobras.
"É fundamental que saibamos tudo sobre esse processo da Operação Lava
Jato", afirmou a candidata. Ela disse que o governo aprovou leis para
aprofundar as investigações sobre corrupção. Aécio questionou Dilma
sobre a demissão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso
pela Polícia Federal e disse que ele recebeu elogios ao deixar a
empresa.
Dilma pediu explicações a Aécio sobre o aeroporto no município de
Claudio (MG), construído em um terreno que pertenceu a um tio do
candidato. Aécio disse que queria falar nos olhos da candidata e
afirmou: "A senhora está sendo leviana, leviana." Segundo ele, a obra
foi feita em uma área desapropriada e disse que, até hoje, o tio reclama
do valor estipulado para a indenização. "O Ministério Público Federal
disse que a obra é correta", argumentou.
A petista apontou prática de nepotimo do rival e afirmou que Aécio
emprega irmão, tia, tio e três primos no governo de Minas Gerais. "No
governo federal, não tem um parente meu", declarou.
O tucano replicou, afirmando que a adversária mente. "A sua propaganda é
só mentira. Não pode ser esse vale-tudo. Eleve o nível do debate",
declarou Aécio, que afirmou que o atual governo virou um "mar de lama".
Cuba também foi motivo de confronto entre os candidatos. Aécio criticou
o financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) de um porto em Cuba. "Por que a sernhora não tira o
caráter secreto desse financiamento?", indagou. Dilma respondeu dizendo
que o financiamento não foi para Cuba, mas para empresas brasileiras que
atuam nas obras do porto.
A petista afirmou que a fala do adversário adentrava "o perigoso
terreno da lenda" depois de Aécio afirmar que o programa Bolsa Família
teve origem em ações do governo Fernando Henrique Cardoso.
Para o tucano, os "pais" do programa são FHC e a ex-primeira-dama Ruth
Cardoso. Segundo Aécio, o "DNA" do Bolsa Família está nos governos do
PSDB. "Isso é fabulação", contestou Dilma. Noutro bloco, a candidata
afirmou: "O senhor está inventando uma história que não existe. O Bolsa
Família não tem nenhum parentesco com os programas dos governos tucanos"
Sobre creches, o candidato do PSDB afirmou que a rival não cumpriu
promessa de construir 6 mil unidades. "Essa história das creches está
muito mal contada. O senhor não entende dessa questão", disse a petista.
Segundo ela, as creches são feitas em parcerias com os municípios, que
recebem recursos federais para isso. "Nenhum dos governos tucanos fez
creches em número suficiente para as crianças brasileiras. Acho
estarrecedor o senhor vir falar sobre esse tema", disse.
Dilma afirmou que Aécio não pode argumentar com pesquisas para dizer
que está à frente na campanha eleitoral - antes o tucano tinha feito
referências a pesquisas recentes. "O senhor perdeu a eleição [no
primeiro turno]", disse. "Todas as eleições que eu disputei em Minas eu
ganhei", declarou Aécio.
Ao indagar o adversário sobre emprego, a candidata à reeleição disse
que conseguiu preservar postos de trabalho enquanto o desemprego
aumentava em outros países. "Candidata, a senhora volta com o discurso
do medo. A grande verdade é que os empregos estão indo embora porque
país que não cresce não gera emprego", argumentou Aécio.
Considerações finais
Aécio Neves foi o primeiro a fazer as considerações finais, no último bloco. O tucano disse que os últimos dias foram de muita emoção. Ele disse que honra Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, candidato a presidente que morreu em agosto, e a Marina Silva, que o substituiu e terminou o primeiro turno em terceiro lugar. "Me preparei para dar aos brasileiros um governo honrado e eficiente", afirmou.
Aécio Neves foi o primeiro a fazer as considerações finais, no último bloco. O tucano disse que os últimos dias foram de muita emoção. Ele disse que honra Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, candidato a presidente que morreu em agosto, e a Marina Silva, que o substituiu e terminou o primeiro turno em terceiro lugar. "Me preparei para dar aos brasileiros um governo honrado e eficiente", afirmou.
Dilma afirmou que os brasileiros devem se perguntar quem tem "mais
capacidade e experiência" para garantir avanços e quem tem "compromisso
verdadeiro" com os trabalhadores. A presidente destacou a importância da
educação, da garantia de segurança pública e de mais especialidades
médicas no Sistema Único de Saúde (SUS). "Peço humildemente o seu voto",
concluiu.
Do G1, em Brasília
Do G1, em Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário