O
brinquedo sempre faz lembrar um tempo e uma história situados em um contexto
especial, histórico e cultural. Durante a década de 1960 – 1990, o brincar foi
visto apenas como uma recreação ou um momento em que momento em que se
livrariam as crianças das preocupações do mundo adulto. Antigamente não era
preciso muita coisa para as crianças brincarem, bastava uma corda, uma bola um
peão, cinco pedrinhas, dois metros de elásticas, bolas de gude, alguns meninos
também faziam seus fantásticos carrinhos de rolimãs e suas pipas voadoras. Se
não tivesse um giz; um pedaço de gesso ou um caco de telha eram suficientes
para que imediatamente, surgisse uma amarelinha. E quem lembra das brincadeiras
de garrafão, bandeirinhas, anel, tica-tica, licença meu bom barquinho, as
cantigas de roda e a ousada tô no poço.
Seja
no interior ou na capital na zona rural ou urbana, um estudo da ludicidade
infantil e de suas possibilidades sempre está ligado a um conteúdo especial e
cultural específicos, os quais dão os ingredientes e temperos para a explosão
de riqueza e diversidade do mundo das brincadeiras e dos brinquedos infantis.
Essas
brincadeiras viabilizavam momentos de trocas afetivas. As crianças ficavam
muito tempo juntas aprendiam a olhar nos olhos, a fazer comparações e escolhas,
abraçar a dividir seus medos e angústias, a se desentender e depois fazer as
pazes a respeitar, a ouvir e aceitar o outro, a expressar seus sentimentos.
Aprenderam que podiam ser felizes.
Não
quero afirmar que as brincadeiras de antigamente, eram um elixir do equilíbrio
do corpo e da mente. As crianças daquele tempo se tornaram adultos fortes,
seguros, bem resolvidos... Quero somente sublinhar uma época na qual as coisas
pareciam. Ser mais simples e a alegria mais presente.
Considerando
a criança a partir da sua dimensão cultural e entendendo a brincadeira como o
lugar em que a criança traduz e recria as imagens daquilo que ela vive a parti
das suas interações com o mundo.
Brongére
(2001.p. 07-98) afirma que:
A brincadeira humana
supõe um contexto social e cultural. É preciso efetivamente romper com o mito
da brincadeira natural. A criança está inserida, desde o seu nascimento, num
contexto social e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável.
Não existe na criança uma brincadeira natural. A brincadeira é um processo de
relações interindividuais, portanto, de cultura. É preciso partir dos elementos
que ela vai encontrar em seu ambiente imediato, em parte estruturado por seu
meio para se adaptar ás suas capacidades. A brincadeira pressupõe uma
aprendizagem social: aprende-se a brincadeira. A brincadeira não é inata. A
brincadeira pequena é iniciada na brincadeira por pessoas que cuidam dela.
Se,
por um lado, é importante a presença de uma pessoa mais experiente para colocar
a criança em contato com a cultura. Por o outro lado, é fundamental que também
possamos perceber a criança como um ser que produz cultura.
Ressaltando
ainda que essas brincadeiras promoviam aquisições, cognitivas e sócio-afetivas
de grande importância. É com esse pensamento que o romantismo considerava que a
criança é um é ser frágil e rico em pureza, e, dessa forma, a brincadeira passa
ter o papel de resgatar a inocência infantil. No entanto, a natureza desse
pequeno ser, não era prioridade e a sua espontaneidade era ignorada, pois não
era concedida uma singularidade, ou seja, não se respeitava os aspectos
particulares dessa fase em que se fundamento a base da educação humana,
principalmente da criança.
Segundo Wajskop ( 199, p.19):
[...] é apenas com a
ruptura do pensamento romântico que a valorização da brincadeira ganha espaço
na educação das crianças pequenas.
Anteriormente, a brincadeira era geralmente considerada como fuga ou
recreação, e a imagem social da infância
não permitia a aceitação de um comportamento infantil, espontâneo, que pudesse
significar algum valor em si.
Vale
ressaltar que até pouco tempo as brincadeiras no espaço escolar eram vistas
como um método de cumprir a carga horária. Os mediadores não planejavam suas
aulas, colocavam as crianças da Educação Infantil para brincar ao colocar elas
para brincar, ao colocar elas para brincarem tinha a preocupação apenas de
observar não compreendendo a importância dessa observação nessa atividade para
criança.
Ressaltando
ainda a grande importância das brincadeiras de antigamente como: nas
brincadeiras de roda ficavam todos em sintonia,
de mãos dadas girando no mesmo sentido, cantando a mesma canção, numa
harmonia plena. Naquele momento mágico, eram fortes e seguros, uma verdadeira
equipe.
Quando
brincavam de esconde-esconde, aquele que estava escondido se percebia através
do outro. Permaneciam diretamente ligados. Naquele momento um não existia sem o
outro. Aqueles que estavam escondidos precisavam ser sutis, tolerantes e
avaliar qual a hora as adequada para agir.
E
também cobra-cega, essa brincadeira era muito comum em Portugal e Espanha de
onde foi trazida para o continente americano. Experimentava-se uma entrega
absoluta, um contato com o próprio interior, uma intensa confiança e a certeza
de que apesar de estar só, na escuridão, estavam todos por perto, bem pertinho
mesmo.
Brincar
de daminha da calçada era experimentar invadir o espaço alheio, todos sabiam
quem também que, ele não queria que ninguém a pisasse. Mas o desejo
inocentemente transgredia a vontade do outro, era emocionante.
Na
brincadeira de licença meu bom barquinho, era preciso formar uma fila, que
caminhava contando e a cada volta passava pelo portal, feito por dois
componentes, assim: um de frente para o outro com as mãos dadas e os braços
esticando para cima formando um arco. Eles encabeçavam dois grupos, cada um
representava uma gruta.
E
a fantástica brincadeira de bandeirinha. Era necessário que os componentes de
uma equipe resgatassem a bandeirinha, que estava colocada no território dos
adversários, sem serem tocados por eles. Conseguir isso era uma grande
conquista.
Colocar
uma pipa no ar era viver a realidade e a imaginação ligadas por um fio. Os pés
no chão controlando os movimentos, a bola de gude, exigia um foco, concentração
e é claro um pouco de sorte. Os poderosas ‘’tecas’’, atropelavam as bilocas
comuns. E o barulho que faziam ao se
encontrarem, anunciava que o alvo foi atingido.
E
pular de elástico? Seguindo as etapas estabelecidas, vencendo os desafios,
ultrapassando os limites. Era o corpo em movimento, tendo o elástico como um obstáculo que, as vezes não poderia
ser tocado e em outros momentos se entrelaçava ao corpo, numa coreografia harmônica.
O
Bambolê foi criado no Egito a três mil anos. Naquela época, era feita com fios.
As crianças egípcias imitavam com os Bambolês os artistas que dançavam com aros
em torno do corpo. O bambolê de plástico colorido surgiu nos estados unidos em
1958. Ele envolvia e girava, girava... Num movimento coordenado, continuo e
sensual.
E
jogar amarelinha? Um espaço delimitado, riscado no chão, onde a regra era
simples e clara. Esse espaço inteiro deveria ser pisado, explorada, mas suas
linhas eram intocáveis. Era preciso ter equilíbrio dinâmico e estático. Era imprescindível ter
limite, concentração e destreza.
Brincar
de cinco marias era facilmente, sendo preciosas somente cinco pedrinhas. Que
eram manipuladas com movimentos graciosos era como se dançassem livres - hora
ouviam, hora lançadas ao chão; seguindo uma coreografia bem definida, bem
marcada.
Quando
se brinca de anel se experimentava o toque do outro através das mãos. Era um
toque suave.
Desse
modo, de ressaltar que desde a
antiguidade o brinquedo existe como uma forma de distração e alegria, sem
chaves necessariamente a preocupação de compreender a sua importância para o
desenvolvimento humano.
O
dicionário Aurélio conceitua a palavra: brinquedos como sendo objetivos para as
crianças brincarem, ou ainda, como jogam de criança, brincadeira, o brinquedo é
inerente à criança. O brincar, portanto, se caracteriza como umas mesclas entre
as apropriações culturais e a possibilidades de expressão da criança frutam de
sua forma particular de pensar e de interagir com o mundo.
Assim,
donas de uma grande imaginação as crianças utilizam os brinquedos e constrói um
universo no qual predominam o animismo, a magia, a alegria, a imaginação
risonha da infância.
Destaca-se o pensamento kishimoto, quando é
destacado que:
O brinquedo coloca a
criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza
e as construções humanas Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é da á
criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipula-los.
(Kishimoto, 2008 p.18).
Vale
salientar que a sociedade hoje tem olhar diferenciado em relação às
brincadeiras em sua pratica, apesar de encontramos muitas barreiras na
introdução das brincadeiras como método de ensino aprendizagem nos dias atuais,
quando fala em brincadeiras na educação infantil percebe-se que os educadores
aos poucos incluindo em seu planejamento pedagógico o brincar em sua rotina.
Nesse
sentido pode-se perceber a importância de se trabalhar o brincar na Educação
Infantil, pois ele tende a proporcionar a criança um desenvolvimento
espontâneo, uma aprendizagem prazerosa, que construa conhecimento da
mesma.