terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Reflexão de quem viveu nos anos 70/80/90


Naquela época, tirava notas azuis e morria de medo de notas vermelhas no meu boletim: tinha que ser acima de 7. Naquela época, tínhamos  uniformes, o material escolar era comprado pelos nossos pais, com muito suor! Calçado era Vulcabrás, Conga, KiChute, Bamba, Alpargatas. 

Não tínhamos  celular, as pesquisas de escola eram feitas em bibliotecas públicas e nas enciclopédia. O trabalho era escrito à mão e em folha de papel almaço, a capa era feita com papel sulfite, tinha atividade de casa pra fazer quase que diariamente.

A Educação Física era na prática, tínhamos carteirinha pra dizer presente, ausente e atrasado, ainda  cantávamos o Hino Nacional no pátio, antes de ir para a sala de aula. Teve uma época em que tínhamos aulas de Religião, Educação para o lar, Educação Moral e Cívica e OSPB. (Todas reprovativas)

Os dentistas iam na escola para aplicar flúor e ensinar os cuidados com a higiene bucal. As professoras olhavam nossas cabeças e mandavam recados para as mães de quem tinha piolhos.

Na escola tinha o gordo, a magrela, a branca azeda, o quatro olhos, a baixinha, olívia palito, o palitão, o cabelo bombril, o negão, o periquito, narigudo, a girafa e por aí vai. Todo mundo era zoado, às vezes, até brigávamos, mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade. Era brincadeira e ninguém se queixava de bullying.  Existia o valentão, mas também existia quem nos defendesse. Trauma? Nunca ouvimos essa palavra. 

O lanche era levado na lancheira ou dentro de um saco de pão. Época em que ser gordinho(a) era sinal de saúde e, se fôssemos magros, tínhamos que tomar o Biotônico Fontoura.

A frase "peraí mãe“, era para ficar mais tempo na rua e não no computador ou no celular... Colecionávamos figurinhas, bolinha de gude, papéis de carta, selos! 

As brincadeiras eram saudáveis, brincávamos de bater em figurinhas, e não nos colegas e professores. Adorava quando a professora usava mimeógrafo e aquele cheiro do álcool tomava conta da sala!

Na rua era jogar bola, queimado, carniça, taco, pular corda, subir em árvores, pular elástico, pique-esconde, polícia e ladrão, andar de bicicleta ou carrinho de rolimã; soltar “papagaio" (ou arraia) (ou pipa) e ficar na rua até tarde, assando batata na fogueira.

Muitas vezes, com a mãe tomando conta, sentada no portão, ou com  as vizinhas (grandes amigas), conversando alegres!  Comia na casa dos colegas e ao  chegar em casa, tomava bronca  por isso (não tem comida em casa?”).

Não importava se meu amigo era negro, branco, pardo, rico, pobre, menino, menina: todo mundo brincava junto. E como era bom! Bom não... era maravilhoso! Assistia ao Pica-Pau, Tom e Jerry, Pantera Cor de Rosa, Papa Léguas, Sítio do Pica-Pau Amarelo, Corrida Maluca, o Gordo e o Magro e vários outros da Hanna Barbera.

Que saudades desse tempo em que a chuva tinha cheiro de terra molhada! Época em que nossa única dor era quando passava Merthiolate nos machucados. Felizes, em comparação com esse mundo atual, onde tudo se torna bullying. 

Nossos pais eram presentes, mesmo trabalhando fora o dia todo, educação era em casa, até porque, ai da gente se a mãe tivesse que ir à escola por aprontarmos. Nada de chegar em casa com algo que não era nosso, desrespeitar alguém mais velho ou se meter em alguma conversa. 

Xiiii...Era um tapa logo,  ou só aquele olhar de "quando chegar em casa conversamos". Tínhamos que levantar para os mais velhos sentarem, pedíamos a benção.

Fico me perguntando: quando foi que tudo mudou e os valores se perderam e se inverteram dessa forma? Você também é dessa época?

Quanta saudade, quantos valores, que para esta geração não valem nada!


Nenhum comentário: