sábado, 3 de outubro de 2015

Como eram visto as brincadeiras antigamente

O brinquedo sempre faz lembrar um tempo e uma história situados em um contexto especial, histórico e cultural. Durante a década de 1960 – 1990, o brincar foi visto apenas como uma recreação ou um momento em que momento em que se livrariam as crianças das preocupações do mundo adulto. Antigamente não era preciso muita coisa para as crianças brincarem, bastava uma corda, uma bola um peão, cinco pedrinhas, dois metros de elásticas, bolas de gude, alguns meninos também faziam seus fantásticos carrinhos de rolimãs e suas pipas voadoras. Se não tivesse um giz; um pedaço de gesso ou um caco de telha eram suficientes para que imediatamente, surgisse uma amarelinha. E quem lembra das brincadeiras de garrafão, bandeirinhas, anel, tica-tica, licença meu bom barquinho, as cantigas de roda e a ousada tô no poço. 
Seja no interior ou na capital na zona rural ou urbana, um estudo da ludicidade infantil e de suas possibilidades sempre está ligado a um conteúdo especial e cultural específicos, os quais dão os ingredientes e temperos para a explosão de riqueza e diversidade do mundo das brincadeiras e dos brinquedos infantis.
Essas brincadeiras viabilizavam momentos de trocas afetivas. As crianças ficavam muito tempo juntas aprendiam a olhar nos olhos, a fazer comparações e escolhas, abraçar a dividir seus medos e angústias, a se desentender e depois fazer as pazes a respeitar, a ouvir e aceitar o outro, a expressar seus sentimentos. Aprenderam que podiam ser felizes.
Não quero afirmar que as brincadeiras de antigamente, eram um elixir do equilíbrio do corpo e da mente. As crianças daquele tempo se tornaram adultos fortes, seguros, bem resolvidos... Quero somente sublinhar uma época na qual as coisas pareciam. Ser mais simples e a alegria mais presente.
Considerando a criança a partir da sua dimensão cultural e entendendo a brincadeira como o lugar em que a criança traduz e recria as imagens daquilo que ela vive a parti das suas interações com o mundo.

Brongére (2001.p. 07-98) afirma que:
A brincadeira humana supõe um contexto social e cultural. É preciso efetivamente romper com o mito da brincadeira natural. A criança está inserida, desde o seu nascimento, num contexto social e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável. Não existe na criança uma brincadeira natural. A brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto, de cultura. É preciso partir dos elementos que ela vai encontrar em seu ambiente imediato, em parte estruturado por seu meio para se adaptar ás suas capacidades. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social: aprende-se a brincadeira. A brincadeira não é inata. A brincadeira pequena é iniciada na brincadeira por pessoas que cuidam dela.

Se, por um lado, é importante a presença de uma pessoa mais experiente para colocar a criança em contato com a cultura. Por o outro lado, é fundamental que também possamos perceber a criança como um ser que produz cultura.
Ressaltando ainda que essas brincadeiras promoviam aquisições, cognitivas e sócio-afetivas de grande importância. É com esse pensamento que o romantismo considerava que a criança é um é ser frágil e rico em pureza, e, dessa forma, a brincadeira passa ter o papel de resgatar a inocência infantil. No entanto, a natureza desse pequeno ser, não era prioridade e a sua espontaneidade era ignorada, pois não era concedida uma singularidade, ou seja, não se respeitava os aspectos particulares dessa fase em que se fundamento a base da educação humana, principalmente da criança.
Segundo Wajskop ( 199, p.19):

[...] é apenas com a ruptura do pensamento romântico que a valorização da brincadeira ganha espaço na educação das crianças pequenas.  Anteriormente, a brincadeira era geralmente considerada como fuga ou recreação, e a imagem social  da infância não permitia a aceitação de um comportamento infantil, espontâneo, que pudesse significar algum valor em si.

Vale ressaltar que até pouco tempo as brincadeiras no espaço escolar eram vistas como um método de cumprir a carga horária. Os mediadores não planejavam suas aulas, colocavam as crianças da Educação Infantil para brincar ao colocar elas para brincar, ao colocar elas para brincarem tinha a preocupação apenas de observar não compreendendo a importância dessa observação nessa atividade para criança.
Ressaltando ainda a grande importância das brincadeiras de antigamente como: nas brincadeiras de roda ficavam todos em sintonia,  de mãos dadas girando no mesmo sentido, cantando a mesma canção, numa harmonia plena. Naquele momento mágico, eram fortes e seguros, uma verdadeira equipe.
Quando brincavam de esconde-esconde, aquele que estava escondido se percebia através do outro. Permaneciam diretamente ligados. Naquele momento um não existia sem o outro. Aqueles que estavam escondidos precisavam ser sutis, tolerantes e avaliar qual a hora as adequada para agir.
E também cobra-cega, essa brincadeira era muito comum em Portugal e Espanha de onde foi trazida para o continente americano. Experimentava-se uma entrega absoluta, um contato com o próprio interior, uma intensa confiança e a certeza de que apesar de estar só, na escuridão, estavam todos por perto, bem pertinho mesmo.
Brincar de daminha da calçada era experimentar invadir o espaço alheio, todos sabiam quem também que, ele não queria que ninguém a pisasse. Mas o desejo inocentemente transgredia a vontade do outro, era emocionante.
Na brincadeira de licença meu bom barquinho, era preciso formar uma fila, que caminhava contando e a cada volta passava pelo portal, feito por dois componentes, assim: um de frente para o outro com as mãos dadas e os braços esticando para cima formando um arco. Eles encabeçavam dois grupos, cada um representava uma gruta.
E a fantástica brincadeira de bandeirinha. Era necessário que os componentes de uma equipe resgatassem a bandeirinha, que estava colocada no território dos adversários, sem serem tocados por eles. Conseguir isso era uma grande conquista.
Colocar uma pipa no ar era viver a realidade e a imaginação ligadas por um fio. Os pés no chão controlando os movimentos, a bola de gude, exigia um foco, concentração e é claro um pouco de sorte. Os poderosas ‘’tecas’’, atropelavam as bilocas comuns.  E o barulho que faziam ao se encontrarem, anunciava que o alvo foi atingido.
E pular de elástico? Seguindo as etapas estabelecidas, vencendo os desafios, ultrapassando os limites. Era o corpo em movimento, tendo o elástico  como um obstáculo que, as vezes não poderia ser tocado e em outros momentos se entrelaçava ao corpo, numa coreografia harmônica. 
O Bambolê foi criado no Egito a três mil anos. Naquela época, era feita com fios. As crianças egípcias imitavam com os Bambolês os artistas que dançavam com aros em torno do corpo. O bambolê de plástico colorido surgiu nos estados unidos em 1958. Ele envolvia e girava, girava... Num movimento coordenado, continuo e sensual.
E jogar amarelinha? Um espaço delimitado, riscado no chão, onde a regra era simples e clara. Esse espaço inteiro deveria ser pisado, explorada, mas suas linhas eram intocáveis. Era preciso ter equilíbrio  dinâmico e estático. Era imprescindível ter limite, concentração e destreza.
Brincar de cinco marias era facilmente, sendo preciosas somente cinco pedrinhas. Que eram manipuladas com movimentos graciosos era como se dançassem livres - hora ouviam, hora lançadas ao chão; seguindo uma coreografia bem definida, bem marcada.
Quando se brinca de anel se experimentava o toque do outro através das mãos. Era um toque suave.
Desse modo, de ressaltar que  desde a antiguidade o brinquedo existe como uma forma de distração e alegria, sem chaves necessariamente a preocupação de compreender a sua importância para o desenvolvimento humano.
O dicionário Aurélio conceitua a palavra: brinquedos como sendo objetivos para as crianças brincarem, ou ainda, como jogam de criança, brincadeira, o brinquedo é inerente à criança. O brincar, portanto, se caracteriza como umas mesclas entre as apropriações culturais e a possibilidades de expressão da criança frutam de sua forma particular de pensar e de interagir com o mundo.
Assim, donas de uma grande imaginação as crianças utilizam os brinquedos e constrói um universo no qual predominam o animismo, a magia, a alegria, a imaginação risonha da infância.

Destaca-se o pensamento kishimoto, quando é destacado que:

O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é da á criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipula-los. (Kishimoto, 2008 p.18).

Vale salientar que a sociedade hoje tem olhar diferenciado em relação às brincadeiras em sua pratica, apesar de encontramos muitas barreiras na introdução das brincadeiras como método de ensino aprendizagem nos dias atuais, quando fala em brincadeiras na educação infantil percebe-se que os educadores aos poucos incluindo em seu planejamento pedagógico o brincar em sua rotina.
Nesse sentido pode-se perceber a importância de se trabalhar o brincar na Educação Infantil, pois ele tende a proporcionar a criança um desenvolvimento espontâneo, uma aprendizagem prazerosa, que construa conhecimento da mesma.       

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