A cena se repete em quase todos os lares – e diariamente -, onde vivem crianças e adolescentes: eles mal chegam da escola, ou trocam de roupa, e logo se voltam para seus smartphones. Ligar a televisão para assistir a algum programa é quase uma raridade nessa rotina.
E essa mesma cena perdura o resto do dia, durante a noite e, quase sempre, os pais não conseguem – ou não sabem como – supervisionar o que essas crianças e jovens tanto fazem conectadas na internet, assistindo a vídeos, acessando as redes sociais, entrando em grupos, baixando aplicativos, envolvidas completamente no mundo virtual.
É exatamente nesse mundo virtual que queremos chegar: onde seu filho está provavelmente agora.
Muitos pais acreditam que ao tê-los fisicamente por perto, dentro de casa, protegidos da maldade humana dos grandes centros urbanos – repletos de violência, assaltos e tudo o mais – ainda é melhor e mais seguro.
Em partes, não deixa de ser verdade, porém, o que muitos não sabem é que o perigo pode ter entrado em seus lares (facilmente) e esteja aí agora, bem pertinho dos seus filhos, enquanto você prepara o almoço deles. Isso mesmo: você na cozinha e, talvez, eles no quarto ou na sala.
Jogos malignos
Dentre os inúmeros perigos, um em especial circulou na internet há alguns meses. Uma espécie de jogo nas redes sociais reacendeu o debate de crianças, sem supervisão, na web.
Trata-se do desafio da boneca Momo – mesmo não tendo ficado muito claro o quão disseminado esse jogo foi no Brasil – acredita-se ter sido ele o responsável por levar um menino de 9 anos a se enforcar no Recife, capital de Pernambuco.
À polícia do estado, a mãe do garoto teria dito que ele estava participando de um jogo quando foi encontrado sufocado em uma árvore.
Esse desafio teria começado em um grupo do Facebook que informava um número de telefone desconhecido para os participantes entrarem em contato. As crianças e os adolescentes são induzidos a passarem informações pessoais e participarem de desafios de sufocamento e enforcamento.
Depois desse triste caso, escolas de vários estados se mobilizaram para avisar os pais a respeito da ameaça, que nada mais é do que apenas “mais uma”, porque – infelizmente – logo surgem e surgirão outras, e mais outras.
Necessidade de diálogo
Em entrevista ao Brasil Notícias, programa da Rede Aleluia – apresentado pelos jornalistas Ana Carolina Cury e Décio Caramigo -, a psicóloga Viviane Silva alertou que esse novo desafio reacendeu o debate sobre a segurança de crianças e adolescentes no mundo online e reforçou a necessidade de os pais terem um bom diálogo com os filhos.
“É muito importante os pais sempre prestarem atenção e observarem bem os seus filhos. Na minha época, os pais se preocupavam com a rua, a insegurança. Hoje em dia, a insegurança e o medo estão no quarto, na sala, dentro de casa, no condomínio, porque as crianças estão conectadas o tempo todo. E aí, nem todos os pais – pelo cansaço do dia a dia, de ter que educar, orientar – não se atentam ao que a criança está fazendo no aparelho celular”, alertou a profissional.
Além de se abrirem com o diálogo com os filhos, a advogada, pedagoga e presidente da comissão digital da OAB pelo estado de São Paulo, Cristina Sleiman, explica que os pais podem colocar filtros de acesso à internet e ficar de olho nos perfis e grupos que as crianças curtem nas redes sociais.
“Eu sou da premissa que a gente só vai conseguir realmente por meio da educação digital, ou seja, orientar nossos filhos enquanto pai, enquanto mãe, orientar os alunos enquanto professor, educador, mostrando quais são os riscos”, adverte.
Uma outra questão é o monitoramento, acrescenta a advogada. “Os pais têm o dever de zelar pela segurança dos seus filhos. E aqui fica uma dica: podem ser utilizados aplicativos de controle parental, sistemas que possibilitem o pai fazer um monitoramento daquilo que o filho faz na utilização do seu equipamento, do seu recurso tecnológico”.
Lembrando também que páginas de conteúdo impróprio podem ser denunciadas à polícia e à própria rede social que analisa o risco e podem até tirá-las do ar.
Fonte: universal.org
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