segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Fome é realidade para milhões de pessoas

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Por Michele Roza / Fotos: Cedidas

Conseguir erradicar a fome no mundo. Esse é um dos principais objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU). Contudo os últimos dados do relatório A Segurança Alimentar e a Nutrição no Mundo, divulgado recentemente, não são animadores e indicam que a fome tem aumentado nos últimos três anos.

Segundo o estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2017, 821 milhões de pessoas no mundo, o que corresponde a uma a cada nove, não ingeriram as calorias mínimas para suas atividades diárias. No geral, são 15 milhões a mais de pessoas subnutridas em todo o mundo do que em 2016 e 44 milhões a mais do que em 2015.

Os conflitos, os eventos climáticos extremos e as crises econômicas são apontados pela organização como os principais causadores desse crescimento, mas a marginalização, a desigualdade e a pobreza também são aspectos muito relevantes quanto à falta de acesso a uma alimentação satisfatória.

Como avançar

Maria Rita Marques de Oliveira, professora-doutora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que atua na articulação da Rede Americana de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, explica que o avanço do índice de fome no mundo se deve à redução dos investimentos em políticas sociais. “As crises do modelo capitalista são cíclicas e sempre refletem nos índices de fome e desemprego. Em tempo de crise, teria que haver políticas emergenciais de proteção social. Basta vontade política”, esclarece.

Na pele

Diante dessa fragilidade, a sociedade se organiza e une voluntários em projetos que auxiliam a demanda de pessoas que vivem, por exemplo, em situação de rua e enfrentam a escassez não só de comida, mas de moradia, vestuário, cuidados médicos, higiene, educação, qualificação profissional e tantas outras questões relevantes.

A cuidadora de idosos Tatiane Cristina conhece bem o que é sofrer na pele a carência de assistência social e, principalmente, de comida e abrigo. Há quatro anos, quando ela vivia nas ruas da Cracolândia – local situado no centro de São Paulo onde se reúnem usuários de drogas –, passou fome e chegou a pesar cerca de 40 quilos.

Certa noite, Tatiane foi abordada por voluntários de um grupo que a acolheram. “Sabia que, ao menos uma vez por semana, eles estavam trazendo comida e uma palavra de esperança para nós, mas apenas as doações me interessavam”, conta. Porém, naquele momento, ela parou para prestar atenção ao que eles falavam. “Foi diferente. As palavras deles ficaram martelando na minha mente”, diz.

Fonte: universal.org

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