Garotos tendem a ser
influenciados pela violência na televisão, segundo um estudo realizado por
psicólogos da Universidade de Michigan (UM), nos Estados Unidos. A pesquisa
revelou que meninos que assistiam a programas violentos, como séries e filmes
de ação, identificavam-se com os personagens do mesmo sexo e tendiam a achar a
violência vista na TV como exemplo da realidade. Isso os influenciou a mais
tarde, na vida adulta, tomarem atitudes violentas sem pensar.
O estudo levou em
consideração o conteúdo televisivo assistido pelos pequenos desde a década de
1970, acompanhando-os até a idade adulta. Os dados encontrados mostram que a
influência para um futuro comportamento violento é uma realidade,
independentemente dos níveis de agressividade já presentes nas crianças antes
da pesquisa, suas diferenças de capacidade intelectual, classe social e criação
dada pelos pais.
Os analisados, agora
adultos, alegaram que assistiam a séries policiais, desenhos animados e filmes
em que os personagens praticavam atos violentos, ainda que em alguns casos com
uma intenção humorística. As esposas e amigos deles também foram entrevistados
sobre a frequência e a intensidade de seus atos violentos. Os que viam mais
programas violentos eram três vezes mais propensos a cometer infrações, crimes
e atitudes como empurrar e agarrar as mulheres, ou responder a um insulto com
agressividade.
Porém, o que pesa não é
a violência em si, mas como ela é mostrada na história e suas consequências. Os
personagens violentos com os quais os futuros agressores em potencial se
identificam e tendem a imitar são aqueles que “saem ganhando”, sem punição. O
menino corre o risco de entender, em sua percepção ainda em formação, que isso
pode ser vantajoso na vida real.
Os pesquisadores dão um
exemplo: uma história em que um policial violento é recompensado ou elogiado
por matar criminosos é mais prejudicial do que quando um assassino sangrento é
preso e devidamente levado à justiça. No segundo caso, fica bem claro que o
autor do crime deve pagar pelo que fez e pelos danos que causou à vida de
alguém. O garoto que assiste entende que o crime realmente não compensa.
Os psicólogos da UM dão
uma dica importante aos pais e responsáveis: assistir à TV junto com os
garotos, comentando as histórias com eles, reduz os efeitos das más
influências, pois diminui a identificação dos meninos com o personagem
violento. Isso ajuda a criança a perceber que aquela violência não é real e que
não vale a pena repeti-la. “Uma análise do conteúdo do programa por parte dos
adultos é mais efetiva doque somente levarem em conta a indicação por idade que
os programas apresentam”, indica o estudo.
Com uma seleção
bem-feita, assistir à televisão pode ser mais uma atividade entre pais e
filhos. Esses momentos juntos – que podem ser bem divertidos – fazem mesmo
muita diferença no futuro.
Publicado em 07/04/2016
às 00:30.Por Marcelo Rangel / Foto: Fotolia
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