Touros em carne e alma, Touros que corre em tuas veias como o Maceió em busca do Atlântico, Touros que guarda segredos, Touros onde o sol, o mar, as areias e os ventos moldaram sua personalidade. Touros que fez do menino um pescador de sonhos, um construtor de jangadas que singrou pelos mesmos mares sem mudar de rota.
Touros que criou esse menino o alimentando com suas mais simples e ricas lições, o menino, uma espécie de mensageiro inspirado pelo Bom Jesus para propagar teu nome, tua gente, tuas tradições, tuas dores e teus anseios. O menino não cresceu apesar dos anos passarem ele ainda é o mesmo que se envolve em conversas com os pescadores e abre o Samburá pra ver o que os homens do mar trouxeram para terra.
Esse garoto que muitas vezes dormiu sentindo o barulho do silêncio que o farfalhar dos coqueiros faziam, a sinfonia das madrugadas tourenses, ousou sonhar e esse sonho foi acalentado por mãos e braços que ele de vez em quando ainda sente o calor que o visita em sonhos. Como um canto de sereia que desperta o garoto para a vida bucólica da beira da praia ele escuta no silêncio de seu coração Neide Penha cantando Parracho Seco.
Ele ver Bastinho contar as histórias que formaram o imaginário popular e as expressões repetidas por tradições centenárias. Aquela criança transformou-se em um arauto da terra máter, uma mistura da saudade que afetou Porto Filho e Chico de Brito, o cheiro da maresia trazido pelas jangadas que tanto Luiz patriota decantou, dos acordes do violão de Zé Maria, Zé antão, Quica Du e das meninas bandeirinhas que o rio maceió que outrora espelhava seus rostos.
Nessa profusão de sentimentos seu coração foi formado, sua vida teve sentido, sua história se misturou com a história de nossos povos nos últimos trinta anos. Ele aprendeu com os pescadores que na vida é preciso ter paciência para pescar os sonhos. Ele viu que o farol tem um sentido maior o de iluminar nossa alma e de guiar nossas esperanças na construção de uma Touros que por amor insiste em ficar dentro de nós sem arredar o pé.
Sua musicalidade é em parte essa profusão de sentimentos que touros coloca em seu subconsciente e que sem querer as letras remetem a eterna Vila do Bom Jesus. As mudanças não abalaram seu amor por seu torrão, as decepções n o fizeram desistir, sua poesia reside em cada habitante desse lugar.
Ele é como aquele ultimo coqueiro da quixaba que insiste em resistir as intempéries culturais que se perdem a cada ano como a brisa que sopra e se perde ou o desgaste das pedras do tourinho pelo mar corroendo-o lentamente.
Em seu cotidiano as antigas e novas gerações estão unidas em um cordão só. As personagens de suas imagens poéticas existiram e foram felizes de seu modo neste pedaço de chão. As águas sempre elas são fonte inesgotável de inspiração em suas composições. Água símbolo de pureza e fluidez e assim é a personalidade dessa pessoa, ele é uma extensão que o mar e as águas do norte emprestaram a nossa terra.
E quem canta as águas de Touros e tem a chance de beber nessa fonte não ninguém que desfaça esse feitiço. Por isso continue voando como uma gaivota que observa o encher e o secar de nossa praia e acredita que encontraremos o equilíbrio que nos falta para aliar-nos ao nosso passado tão presente e sempre rico.
Há uma saudade que te impulsiona a querer mais, há uma verdade que precisa ser dita, tua importância como tourense, daqueles que iam tomar leite em Geraldo Teixeira, que tinham medo das lendas sobre de Zé Carapuça, que viu alguns ciclos de cultura nos final dos anos oitenta abarcar nossa cidade e chegou a pensar que ia dar certo.
Tua sonoridade que faz lembrar um certo compositor baiano, as tuas sandálias humildes do pescador, sempre inesquecíveis personagens de tua obra como Cabacinha que o mar tragou e os peixes que pescastes na quixaba que te fez lembrar da musa amada.
“Quando o home nasce é filho de seus pais e quando ele morre é filho de suas obras”, além de teres nascido de Neide e Bastinho, Touros desde teu nascimento te tomou para si e te escolheu para escavar através da cultura seus tesouros.
Por tudo que representas, como pai, avô, filho e amante incorrigível de nossa amada cidade Luiz Penha Touros vem lhe dizer muito obrigado por tudo.
Autor: Professor Flávio
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