3. MATRIMÔNIO INFERNAL
No início parecia tudo um mar de rosas, parecia uma
mulher feliz e com um casamento perfeito. Meu casamento era invejado por
muitos, mas o meu dia a dia era tudo uma mentira. Dentro de mim existia um
vazio, uma tristeza, uma dor, uma alegria fingida. Um ano depois fiquei
grávida, foi uma gravidez planejada, mas ao engravidar começaram a surgir problemas
que eu não conseguia entender. Meu marido começou a ficar mais distante e o
anjo cada vez mais próximo. Eu era uma mulher independente, formada em Animação
Desportiva, mas era muito teimosa.
Insistia em trabalhar, mesmo estando com a barriga já
grande. Por outro lado, meu marido insistia em ficar em casa. A essa altura, o
tal anjo começou a se deitar em nossa cama conosco. Eu comecei a ficar com medo
dele, ao ponto que muitas vezes repudiava meu marido (porque o tal anjo estava
lá, no meio de nós). O meu marido pensava que as coisas que eu falava eram para
ele. De tal forma, tornava-se agressivo comigo.
Muitas vezes, sentia uma mão acariciar minha barriga.
Pensava que era meu marido. Mas quando abria os olhos e via que era o tal anjo,
eu gritava. O anjo me dizia: "Fátima! Você vai ser muito rica, mas veja
quer tem um preço a pagar: Eu não entendia nada. A essa altura, já tinha parado
de fumar drogas porque tinha um filho na barriga. No entanto, tinha ataques
muito estranhos, desmaios, crises nervosas.
Aparentemente era saudável, mas eu era mesmo muito
nervosa; tudo me irritava, sentia dores de cabeça, mas muitos me diziam que era
normal. Meu filho nasceu em novembro. Fiquei financeiramente muito ri a e os
problemas se multiplicaram. A inveja dos que me rodeavam era aberta, só eu não
via.
O tal anjo passou a ficar constantemente, dia e noite, ao
meu lado. Os tais desmaios, as crises nervosas, angústia, tudo aumentou. Eu
sentia uma solidão interior. O estranho era que eu tinha dinheiro, uma casa bonita
à beira-mar, empregadas, um filho lindo, mas sentia um grande vazio. Apesar
desta tristeza que me consumia, tinha que fingir que era feliz.
Andava sempre indisposta. Um dia estava normal, outro dia
ficava doente, e ninguém conseguia achar a causa daquela indisposição. Tinha
dores de cabeça, que tudo à minha volta parecia apertar meu crânio. Meu marido
começou a beber. Eu o achava muito desligado de mim. Começou a dar mais atenção
aos amigos do que a nós (eu e meu filho). Nós tínhamos muito dinheiro e éramos
muito novos. Estávamos no ano de 1983/1984.
O anjo estava agora tentando me tocar: por várias vezes
lhe dizia: "não me toca, sai daqui!" Ninguém o via, somente eu. Que
perturbação! Como falar disso a alguém? Eu começava a pensar em como fugir
daquele anjo que estava se tornando tão assustador para mim. Estava sentindo muito
medo, o mesmo medo que sentia quando era criança.
Em breve continuaremos com o capítulo 4: A traição
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