Tenente Manoel Geraldo Soares
O jovem Manoel Geraldo Soares, nascido em Lisboa – Portugal, em 1863, chegou ao Brasil depois de uma longa viagem de sua terra natal, vindo numa barca que transportava bacalhau, desembarcando em João Pessoa com seus familiares, que ficaram entre Solânea - PB e Serra de Dona Inês – PB, somente ele e seis dos seus irmãos, por nomes: Cerino Geraldo Soares, Firmino Geraldo Soares, Francisco Geraldo Soares (conhecido por Francisco Damásio), Porcina Geraldo Soares, Romana Geraldo Soares e Maria Rosa Geraldo Soares vieram ao Rio Grande do Norte, mais precisamente ao Distrito fundado por ele, chamado de Barra do Geraldo, onde ele comprou uma grande propriedade por novecentos mil réis, na época, aquelas terras pertenciam ao Município de Nova Cruz – RN.
Seu Pai, Geraldo Soares Ribeiro e o seu filho Antônio Geraldo Soares e dois irmãos do seu pai, por nome: Jacó Soares Ribeiro e Tereza Soares Ribeiro, ficaram residindo na cidade de Serra de Dona Inês - PB. Em dezenove de maio de 1898, recebeu sua Carta Patente decretada pelo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Prudente de Moraes, que foi assinada no Palácio da Presidência no Rio de Janeiro, recebendo a Graduação de Tenente.
Foi empossado no dia 14 de Março de 1899, no Quartel do Comando da 10ª Brigada de Infantaria da Guarda Nacional da Comarca do Curimataú, comandada pelo General Comandante António Fernandes Borges, passando ele a comandar toda aquela região. Em 1910, junto a seu irmão Cerino Geraldo Soares, construiu o cemitério público da Barra do Geraldo, como também a primeira capela daquela localidade e o cruzeiro.
Após o seu falecimento, para a tristeza dos filhos do Tenente Manoel Geraldo, o seu sobrinho que era casado com a filha da sua segunda esposa, o senhor Porfirio Cerino Soares, desfez aquela capela e construiu a atual Igreja Católica da Barra do Geraldo, que ficava próximo a sua casa, tendo como padroeira Nossa Senhora Aparecida.
Casado com Ana Rosa da Conceição, teve quinze filhos, sendo dez filhas e cinco filhos, por nomes: Maria Soares Ribeiro, Francisca Soares Ribeiro, Ana Soares Ribeiro, Luzia Soares Ribeiro, Tereza Soares Ribeiro, Rita Soares Ribeiro, Inácia Soares Ribeiro, Josefa Soares Ribeiro, Joana Soares Ribeiro, Antônia Soares Ribeiro, José Soares Ribeiro, Pedro Geraldo Soares, Antônio Soares Ribeiro, João Soares Ribeiro e Joaquim Soares Ribeiro (que faleceu muito jovem, com apenas 14 anos de idade).
Conta-se que nos meados de 1927, o famoso Cangaceiro Lampião com o seu bando, passaram bem próximo a fazenda do Tenente Manoel Geraldo Soares, deixando o pessoal da região em alerta, inclusive o nosso Tenente, dormiram nas proximidades de sua fazenda, na trilha que cruza o Estado da Paraíba ao Rio Grande do Norte (hoje onde se situa a cidade de Passa e Fica-RN), conta-se que havia próximo ao acampamento uma bodega e moravam alguns populares naquela região, ele fez uma varredura e conseguiu encontrar algumas moças, as quais tiveram que dançar a noite toda com os seus cangaceiros, e os que não tinham cavalheiras dançavam uns com os outros, não machucando ninguém.
Ao amanhecer, Lampião e seu bando com medo das volantes (polícia), saíram daquele local e foram para a cidade de Mossoró (deixando todos aliviados), conta-se que a missão dele era invadir a cidade de Mossoró-RN, chegando a Mossoró as volantes estavam os aguardando, foi um terrível confronto, onde morreram alguns de seus cangaceiros, o bando fugindo imediatamente para o Ceará, foram pedir proteção ao Padre Cicero Romão Batista (que era muito influente naquela região e o Lampião o tinha como um padrinho).
Em 1929, comprou o primeiro carro da região onde ele comandava, sendo seu motorista, o seu filho João Soares Ribeiro (conhecido por Joca), os quais tiveram muitas aventuras juntos com seus familiares e amigos. O seu filho Joca era um homem muito valente, vivia dizendo que desejava matar alguém, tinha uns surtos e sempre que ocorria isto os seus sobrinhos pagavam o pato sem merecer.
Para a tristeza do Tenente, conta-se que seu filho José Soares Ribeiro, homem íntegro, responsável e fiel ao seu pai, em certa ocasião estava limpando o seu rifle na sua residência e acidentalmente veio a vitimar a sua esposa querida Josepha Theotonia, ele foi encaminhado a Delegacia de Nova Cruz, mas por ter sido acidentalmente e por ser um homem de boa conduta foi liberado e respondeu pelo seu ato em liberdade, construiu uma grande família, que na atualidade residem em vários estados brasileiros e em alguns países.
Seu filho, Pedro Geraldo Soares, era um homem pacato, de estatura alta, careca, possuía os cabelos longos e sempre os colocava por cima da careca, ninguém notava a sua calvície, era o barbeiro da região, teve muitos filhos, seu filho Genival Geraldo Soares, seguiu a vocação do seu avô, servindo a pátria na Força Aérea Brasileira, chegando ao posto de Capitão Aviador, seu filho Manoel Geraldo Soares (conhecido como Neco Geraldo), também foi no mesmo caminho do seu avô, servindo a pátria no Exercito Brasileiro e saindo posteriormente por sentir que não havia vocação, seu filho Francisco Geraldo (conhecido por Chico Geraldo), ainda jovem, foi residir em São Paulo, chegando lá ingressou na Polícia Civil, onde ficou até se aposentar e posteriormente vindo a residir na sua terra natal.
O único filho do Tenente a querer seguir a vocação do seu pai, foi o meu avô paterno Antônio Soares Ribeiro (conhecido por Nano Geraldo, qual possui nos dias atuais em sua homenagem a quadra de esporte de Lagoa do Cipoal), foi para o Exército muito jovem, serviu a pátria por um período, sendo desligado por problemas de saúde, vindo posteriormente a casar com a enteada do seu pai, por nome Isabel Domingos, construindo uma grande família, que residem em vários Estados Brasileiros.
Certa vez, o Tenente iria a uma vaquejada na cidade de Nova Cruz, antes de sair, o Tenente Manoel Geraldo pediu para um de seus empregados botarem fogo no carro (que era para ligar o carro), chegando, o Tenente viu que seu empregado havia colocado um bocado de lenhas próximo ao seu carro, pois seu empregado pensava que para botar fogo teria que ser com lenha, carinhosamente, o Tenente o ensinou a ligar seu veículo que funcionava a manivela.
Em outra ocasião, foram a outra vaquejada na cidade de Nova Cruz, ele e seus amigos, chegando próximo ao Distrito do Fernando dos Bezerras, o seu carro quebrou e para não perder a vaquejada foram o empurrando até o local, chegando lá a vaquejada já havia terminado e fizeram todo o percurso de volta empurrando o automóvel.
Conta-se que em certa ocasião, vieram da capital do Estado militares a paisana até a sede da fazenda do Tenente, chegando, encontraram um cidadão deitado em uma calçada, perguntaram para aquele senhor se o Tenente estava em casa, aquele cidadão que estava deitado, falou: “aguarde só um momento, irei chamar o Tenente”, de repente, apareceu aquele cidadão fardado e se apresentando: “hurrilá, aqui é o Tenente Manoel Geraldo Soares, o que desejam?”, naquele momento eles lhe prestaram continências e foi uma festa.
Ele era um grande leitor, tendo em sua fazenda uma pequena biblioteca, gostava de ler as escrituras sagradas, nas horas vagas, ensinava os Evangelhos e toda a Bíblia a seus familiares e amigos. Possuía um quarto onde guardava seu armamento, era muito zeloso com suas armas, sempre estava as limpando.
Possuía um gramofone, o qual tinha muito cuidado e só ele podia manusear o aparelho, quando nas horas vagas gostava de reproduzir as belas musicas de sua pátria. No seu quarto, guardava o seu fardamento de Oficial do Exercito, seus coturnos sempre brilhando em um ponto estratégico do seu quarto.
Para sua tristeza ficou viúvo em 1931, casando posteriormente com uma vizinha e viúva por nome senhora Francis, conhecida como Sinhá França, ela teve três filhos do seu primeiro casamento, Zeca Domingos, Isabel Domingos e Cândida Domingos. Cândida Domingos foi a primeira esposa do senhor Porfírio Cerino Soares (sobrinho do Tenente), e Isabel Domingos foi a primeira esposa do filho do Tenente Manoel Geraldo Soares, Antônio Soares Ribeiro (conhecido por Nano Geraldo, que seguiu a vocação do seu pai ficou um certo tempo servindo a Pátria no Exército Brasileiro chegando ao Posto de Terceiro Sargento do Batalhão de Infantaria na cidade do Natal - Capital do Estado do Rio Grande do Norte, este é meu avô paterno).
O Tenente Manoel Geraldo Soares faleceu em 23 de Junho de 1944, seu corpo encontra-se sepultado no cemitério construído por ele e seu irmão Cerino Geraldo Soares, sendo visitados anualmente no dia de finados por familiares, amigos e admiradores, deixando seu legado vivo nas memórias destes.
A origem do nome da cidade de Passa e Fica, deu-se no ano de 1929, numa área aproximada as terras do Tenente Manoel Geraldo Soares, na estrada que passava no meio da área territorial da sua fazenda, estrada que liga Nova Cruz a Serra de São Bento e Monte Alegre (hoje Monte das Gameleiras), neste local, o cidadão Daniel Laureano de Souza construiu sua casa, onde deu início a mais um povoado, na área comandada pelo Tenente Manoel Geraldo Soares. Daniel Laureano de Souza montou na sua própria casa uma pequena bodega e passou a bancar jogos, vender aguardente aos que por ali passavam.
O pequeno negócio tornou-se logo conhecido por todos, que ao passarem pela estrada eram atraídos a entrar na bodega e não queriam mais sair. Ao longo do tempo o pequeno empreendimento de Daniel Laureano, que começou de maneira improvisada, tomou influência pelas redondezas, dando origem a um pequeno núcleo populacional ao seu redor. Contam que um dos moradores da área, Antônio Luiz Jorge de Oliveira, conhecido como Antônio Lulu, para justificar o sucesso da bodega, dizia que aquele lugar era o passa e fica, e assim surgiu o nome Passa e Fica.
Mais historicamente, o município se deu com a chegada do Tenente Manoel Geraldo Soares, a pequena bodega apenas deu origem ao nome da cidade de Passa e Fica, pois toda a região na época era de jurisdição do Tenente Manoel Geraldo e pertencente ao Município de Nova Cruz -RN.
Que através da Lei no 2.782, do dia 10 de maio de 1962, Passa e Fica e toda área territorial da fazenda do Tenente Manoel Geraldo Soares, a Barra do Geraldo, as comunidades do Cipoal, Fernando dos Bezerras e Fernando dos Inácios desmembraram-se do município de Nova Cruz, tornando mais um município potiguar.
Registros históricos da origem do nome de Passa e Fica feito no ano de 2000 pelo ex-funcionário público municipal do município de Passa e Fica Edilson Soares Ribeiro, posteriormente, cedida as informações ao IBGE, pela Prefeitura Municipal de Passa e Fica- RN.
Autores: Edilson Soares Ribeiro e Silvana Flor.
Bisnetos do Tenente Manoel Geraldo Soares, primos de João Nelo de Oliveira.
Um comentário:
Me foi contado desde criança que o Tenente Manoel Geraldo teve um filho chamado Firmino Geraldo, casada com Josefa e que tiveram 7 filhos: Apolônio, Adélio, Severino, Pedro, Manoel, Luiz, Ana, Joaquina. Luiz Firmino Geraldo é o meu avô.
Postar um comentário