quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Para onde foi o homem?


Bravura (no bom sentido) e gentileza. Muitos veem essas características separadas e em homens diferentes, mas, tempos atrás, elas faziam parte de um mesmo homem, tido como ideal: o cavaleiro medieval.

O teólogo, professor e escritor cristão C.S. Lewis escreveu sobre isso, lamentando que, na pós-modernidade, os valores que formam um homem tenham entrado em declínio. Para ele, quando um sujeito deixa uma das duas características citadas dominá-lo, perde o necessário para desenvolver a masculinidade ideal. Um poderoso sem senso de justiça e respeito é simplesmente um bruto, que gosta de dominar pela força. Já aquele que é só carinho e piedade está bem longe de ser um líder inspirador, no qual os seguidores sentem firmeza.

Equilíbrio é a questão. A força é controlada pela gentileza, a compaixão. As emoções são contidas pela força e pela razão. Com o poder e as habilidades direcionados pela honra – em relação a você mesmo e aos outros –, todos tendem a ganhar. Isso se chama sociedade, comunidade ou pelo menos o que elas deveriam significar. Isso definia os antigos cavaleiros de várias ordens na Idade Média, justamente do que Lewis se lembrou ao analisar o confuso papel do homem moderno. E do cavaleiro vinha o cavalheiro. Um código de honra a ser seguido com gentileza, consideração, mas também com coragem nos momentos de luta.

Para Lewis, o ideal do cavaleiro tanto ensinava um grande homem a ser humilde, tolerante e justo, quanto insuflava coragem aos mais pacatos. Tanto era algo a se aprender que pajens (ou escudeiros) que se dedicavam com o tempo eram ordenados cavaleiros. Um fiel escudeiro não era só um criado, mas um “estagiário” medieval.

E Lewis dizia sentir falta das antigas cerimônias em que um jovem era nomeado cavaleiro, um rito de passagem bastante significativo. A partir dele não havia mais dúvidas sobre ter deixado de ser um menino e ser homem, pois, após rígida disciplina de aprendizado físico, moral, psicológico e espiritual, isso era confirmado pelos outros do grupo, que o recebiam como um igual. Portar sua espada, oficialmente entregue a ele, era seu atestado de maturidade.

Outra coisa: um cavaleiro era respeitado e admirado como uma autoridade, mas sempre era reverente a forças superiores – a seu rei e a Deus. Ninguém se torna um soldado de verdade sem saber obedecer. A posição que ocupava não era só de importância social, mas fruto de sacrifícios, coragem e obediência.

E, hoje, o que um cara faz para se sentir homem? Coisas bem duvidosas. E é só para “se sentir” mesmo, porque, daí a ser de verdade, há um oceano de distância. Muitos garotos acham-se homens porque praticam sexo de forma irresponsável, bebem, fumam, consomem entorpecentes, desrespeitam leis e regras, corrompem-se.

Acontece que, como os antigos cavaleiros, um rapaz se tornava um homem ajudado por outros homens. Sim, o cavaleiro podia até ser falho em alguns aspectos, mas sempre podia recorrer aos outros do grupo para se levantar e seguir em frente. E o grande líder batalhava ao lado de todos, espada em punho, também apoiado neles. Ninguém se torna um homem sozinho. 

Fonte: http://www.universal.org/noticia/2016/12/04/para-onde-foi-o-homem-38543.html

Nenhum comentário: