Em uma época em que qualquer pessoa publica informações na internet,
fica ainda mais difícil separar o que é verdadeiro e o que é boato ou
ainda o que é notícia espontânea ou patrocinada. Umberto Eco afirmou que as redes sociais dão o direito à palavra a uma
"legião de imbecis" que antes falavam apenas "em um bar e depois de uma
taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".
As redes sociais são o terreno mais fértil para esse conteúdo, pois
facilitam a postagem e o compartilhamento de conteúdos. Alguns se tornam
virais e se espalham rapidamente, independentemente de serem
verdadeiros ou não.
Será que o público sabe diferenciar o joio do trigo na safra virtual? Aparentemente não, segundo estudo coordenado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, uma das mais
respeitadas quando o assunto é comunicação.
Um levantamento feito entre
estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior de 12 Estados
norte-americanos mostrou que a maioria “engole” o que lê na rede sem
questionar, independentemente de o conteúdo ser real ou não. Isso
prejudica, segundo a pesquisa, a formação midiática dos indivíduos – ou
seja, a capacidade de acessar, avaliar e criar mensagens de vários
tipos. Em palavras mais simples, isso atrapalha o aprendizado em geral e
a percepção do mundo ao redor.
Muitos conteúdos foram submetidos aos estudantes, entre matérias
jornalísticas e postagens em redes sociais como o Facebook e o microblog
Twitter. Uma das tarefas dadas aos pesquisados era explicar por que não
seria possível confiar completamente em um artigo patrocinado por uma
empresa ou escrito por um executivo. Também foi pedido que distinguissem
matérias de conteúdo publicitário. Não só a maioria achou que não era
problema confiar em algo patrocinado como também não soube diferenciar
uma notícia real de uma paga.
A discussão ganhou terreno e o próprio Facebook, rede social onde foi
identificado muito conteúdo falso, foi bombardeado com críticas. Mas o
presidente da empresa, Mark Zuckerberg, deixou claro que não ligava para
a veracidade das informações, pois, falsas ou verdadeiras, eram
bastante acessadas. Logo, porém, ele teve de dar meia volta e divulgou
que sua rede social terá o conteúdo analisado pelos próprios
internautas.
Isso deixa claro que muitos leitores e internautas focam mais no
conteúdo do que nas fontes de informação, que conferem credibilidade
quando são idôneas e competentes. Tão importante quanto o que é dito é
quem diz, mas a maioria se esquece disso.
A pesquisa mostrou que os estudantes têm extrema “fluência” em redes
sociais e internet, mas não têm nem critérios para verificar as
informações. Não “filtram” o que captam nem procuram opiniões ou
considerações de fontes diferentes, “engolindo” com facilidade a
primeira notícia que aparece.
Nunca houve tanta informação circulando ao mesmo tempo. Mas vale
ressaltar que tanto a qualidade quanto a credibilidade continuam a fazer
muita diferença, embora grande parte dos leitores e internautas ainda
feche os olhos para isso. Entra em cena, portanto, a relevância do
consumidor de conteúdo. Ele é quem determina o que consome e analisa e a
ele cabe não se comportar como uma lixeira, que recebe qualquer sujeira
sem questionar.
E você, leitor? Usa o senso crítico ou já sai espalhando “correntes”,
notícias falsas e outros tipos de mensagens sem verificar a fonte e a
veracidade da informação?
Autor: Marcelo Rangel
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