Cerca de 600 mil crianças/adolescentes
são vítimas das várias formas de violência doméstica, por ano, no Brasil. Ou
seja, 68 por hora e 1 por minuto. Esta é a conclusão a que chegou o Dr. Lauro
Monteiro Filho, secretário executivo da Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA), ao fazer uma analogia da nossa
realidade com os índices norte-americanos (www.abrapia.org.br).
O quadro é assustador. De acordo com os
especialistas, o Brasil está entre os países em que o nível de violência contra
crianças é considerado grave. Ao escrever sobre isso na edição on-line da
revista Veja (15 de março de 2006), Mônica Weinberg cita os resultados de
estudos conduzidos pela professora Maria Amélia Azevedo, coordenadora do Laboratório
de Estudos da Criança (Lacri), da Universidade de São Paulo.
A matéria ressalta que a violência
contra a criança começa com os castigos físicos. "A cultura de bater em
crianças está arraigada na sociedade brasileira'; afirma Maria Amélia Azevedo.
Ela acredita que, entre outros fatores, a sociedade escravocrata contribuiu na
popularização dos castigos corporais contra as crianças brasileiras. Cerca de
60 dos habitantes de nosso País afirmam que foram vítimas de castigos físicos
na infância, desde surras leves até surras que causaram graves sequelas
físicas.
Além de castigos físicos, há uma lista
enorme de abusos hediondos, os quais são mencionados e denunciados, com muita
clareza e coragem, pelos competentes colaboradores desta edição especial
intitulada Quebrando o Silêncio, cujo tema central é: Criança - amada ou
maltratada?
O conteúdo deste número reflete as
preocupações de autoridades, médicos, psicólogos e educadores a respeito desse
grave problema. O leitor, ao analisar os artigos e dados estatísticos, verá que
"maltratar" é o verbo mais conjugado na sociedade moderna. Os fatos
demonstram isso.
Contudo, existe luz no fim do túnel. A
sociedade brasileira ainda pode contar com homens e mulheres que se incomodam
com esse panorama sombrio que envergonha nossa nação. Graças a Deus, há pessoas
engajadas na árdua missão de ensinar a conjugação do verbo AMAR. E seu método
mais didático é o exemplo.
O amor tudo pode. Só o amor fará com
que nossas crianças vivam sem medo. Só o amor é capaz de deter o dedo em riste,
a mão prestes a dar um soco, as palavras duras, o olhar de desprezo, o espírito
de dominação e a perversidade.
Embora uma gotinha num oceano de
necessidades, o conteúdo desta revista tem o compromisso de ajudar as famílias
de nosso País a conjugarem o verbo amar. Amar sem preconceito. Amar com um
sorriso nos lábios. Amar com a mão no ombro das crianças que sofrem abusos.
Vamos começar agora?
Eu amo, você ama, nós amamos as
crianças do Brasil.
Rubens S. Lessa é jornalista e teólogo.
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