Nos últimos anos, os celulares inteligentes vêm ocupando cada vez mais espaço na vida das pessoas. Basta uma conexão de internet e o aparelho já pode ser usado para trocar mensagens, ouvir músicas, ver filmes, estudar, acompanhar notícias, fazer reuniões de trabalho, traçar rotas, fazer compras e mais uma infinidade de tarefas.
Com tantas opções na palma da mão, fica difícil estabelecer um limite de uso. Os brasileiros, por exemplo, já passam mais de nove horas por dia na internet, segundo o relatório 2018 Global Digital, da We Are Social e da Hootsuite. Hoje, é comum encontrar pessoas que não conseguem ficar nem poucos minutos sem olhar a tela do celular para ver se chegou uma mensagem nova. Outras sentem que precisam se manter conectadas o tempo todo, para poder acompanhar tudo o que acontece na internet. Há ainda os usuários que não desgrudam do smartphone nem na hora de dormir.
Afinal, esses novos hábitos ajudam ou atrapalham a nossa vida?
Falta de foco
Mariana Marco psicóloga especialista em comportamento, lembra que o avanço das tecnologias tem muitos pontos positivos, como a facilidade de acesso a informações e a ampliação de nossa capacidade de produzir conhecimento. Entretanto, ela pondera que o uso em excesso de celular e internet pode trazer problemas. “Nós estamos hiperestimulados o tempo inteiro, temos acesso a qualquer tipo de informação em poucos segundos e a consequência disso é a dificuldade para se concentrar e manter o foco”, diz.
Ela alerta que o cérebro não é multitarefa e muitas atividades exigem dedicação exclusiva, sem interrupções. “A execução de algumas tarefas demanda tempo e uma energia orgânica específica. Para ter alto rendimento e alta performance, a pessoa precisa focar em uma tarefa por vez e se manter distante da estimulação dos aparelhos eletrônicos”, ensina. Atividades com familiares e crianças também requerem mais atenção às pessoas e menos às tecnologias.
Ilusão
O grande volume de conteúdos em circulação na internet pode levar à ilusão de que é possível se manter informado sobre tudo. Mas quem já tentou fazer isso conhece o resultado: depois de passar muitas horas on-line, a sensação é de que continuamos sem saber muita coisa. “Para aprender, é preciso focar nossa energia cognitiva. Caso contrário, a consequência é um conhecimento mais raso, superficial, as pessoas sabem um pouquinho de cada coisa apenas momentaneamente”, diz Mariana. Em vez de passar o dia inteiro com o celular na mão, a psicóloga sugere que a pessoa entenda primeiro quais são suas prioridades e a função da informação que ela quer adquirir. “Podemos ter interesse em vários assuntos, mas qual é o papel de cada um deles em nossa vida? É importante exercitar o autocontrole. Com autoconhecimento, é possível identificar o que mais tira a nossa atenção e determinar a melhor forma de uso da tecnologia”, ensina.
Excesso?
Rachel Polito (foto a dir.), especialista em comportamento digital e comunicação, diz que o limite de uso das tecnologias varia de pessoa para pessoa. Entretanto, ela alerta que é preciso ter alguns cuidados ao usar aplicativos e redes sociais. “O brasileiro está um pouco sem limite no uso do WhatsApp, por exemplo. Ter o número de telefone de alguém é um privilégio, mas muitas pessoas usam esse contato para mandar piadas, vídeos, fotos e um trilhão de coisas a qualquer hora do dia”, avalia.
A especialista afirma que a facilidade de acesso às tecnologias traz algumas mudanças na forma como nos comunicamos. “A tecnologia facilita a comunicação para os mais distantes, mas atrapalha para os mais próximos. A comunicação pode ficar mais fria, pois algumas pessoas já preferem mandar mensagem a falar pessoalmente”, avalia. Para evitar problemas, Rachel argumenta que é preciso negociar o tempo de uso e equilibrar a tecnologia com outras atividades do cotidiano. “Tem que saber dosar, fazer acordos com a família e evitar o uso do celular em alguns momentos, como durante o jantar”, finaliza.
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