terça-feira, 14 de julho de 2020

Valorizando o que é nosso: José Pereira da Siva (Dedé Pereira)


Imaginemos uma Touros que começava a sonhar com um próspero futuro econômico, social, cultural, artístico e que a necessidade de tornar públicas essas ideias, de tornar um slogan ou a logomarca de um evento estivesse na cabeça de seus idealizadores, que o sonho de abrir o comercio com as cores e a forma escolhida tivesse de ser dita e explicada oralmente ou com gestos manuais, que os muros ou espaços vazios nas laterais de algumas casas fosse o local ideal para anunciar seu sonho perseguido por tantos anos.

Ter todos os eventos das diversas administrações tendo como fonte de realização a cabeça e as mãos de um homem. Quando as gráficas e todo o seu aparato tecnológico não faziam parte da realidade tourense, quando as fachadas dos comércio não sonhavam com essas novas noções de material cada dia mais modernistas, tínhamos a quem recorrer.

Touros encontrou nas mãos dessa pessoal seu consolo e seu espelho na medida certa. Com a simplicidade que Deus dá aos gênios e um talento fora do comum ele traçava na ponta do lápis bem mais do que seu trabalho ele fazia arte, sem se preocupar com o tamanho da tarefa nem com quem o contratava todos saiam com a mesma perfeição.

Quando Deus permitia um tourense realizar o sonho de ter seu próprio negócio lá estava suas marcas no nome do empreendimento, as faixas de tantas e tantas festas de padroeiro de nosso rico interior tinha suas marcas, a nossa vida cotidiana as vezes era pautada por avisos nas faixas feitas por ele. Campanhas de vacinação, as alas das escolas no sete de setembro, os palcos dos grandes carnavais, as faixas de festivais de prêmios, sua grandeza estava sempre em sua simplicidade profissionalismo, o traço perfeito do artista que Touros sempre confiou.

Ao raiar do dia ou ao escurecer da noite a vida passava ao seu redor, o transito as pessoas, o calor mas nada era capaz de tirar a sua genial concentração. O carnaval começando, as pessoas circulando ao seu redor, o barulho das festas nada era capaz de perturba-lo em seu trabalho. Com seus pincéis e o material simples que eram parte de seu cotidiano ele fez quadros que ilustravam a nossa terra, ele fez desenhos de nosso padroeiro que emocionavam os romeiros e visitantes, ele com aquelas mãos que Deus lhe deu fazia réplicas idênticas de nosso farol gigante, ele que quando meninos pensávamos vai manchar o pano do desenho com a tinha mais saia na medida exata de seu talento.

Não se podia falar em “abrir letras” em Touros sem pensar primeiro em seu nome, sua era como um atelier dos mais ocupados artistas plásticos. Sempre cheio de trabalho mas nunca disse que não podia fazer seu trabalho. As formas não tinha mistérios para ele tudo era captado e organizado em seu intelecto e transformado e uma espécie de fotografia artesanal com traços típicos da pintura.

Não creio que exista alguém em que precisou desses serviços em Touros que nunca o tenha procurado, seu trabalho era sinônimo de excelência. Sua biografia de menino pobre e humilde o fez desde muito cedo viver do que sua cabeça reproduzia a traves de suas mãos. Seu caráter e seu estilo o transformaram em uma figura que podemos dizer pintou o sete em Touros no bom sentido.

Suas mão talentosas também o levaram para os campos de futebol, um dos grandes goleiros do futebol amador de nosso município, atuando em várias equipes da nossa cidade sempre passando a imagem da tranquilidade e segurança.

Nosso artista marcou nossa história e ainda marca da maneira mais bela transformando sonhos em arte através do seu oficio. Foi a fonte que recorremos por décadas para que nos “salvasse” de algum imprevisto ou trabalho urgente que tínhamos de entregar na escola, na empresa, no comercio etc.

Nele a expressão de nosso povo em todos os sentidos encontrava voz, cores e espaço para que todos vissem. Ele unia com sua arte nossas expectativas com a realidade do momento. O procuramos para expressar para o povo as mensagens de natal e réveillon da mesma forma como o buscamos para expressar protestos e indignação por algo que tivesse contrariando os interesses qualquer tipo de classe.

Não existe uma rua em touros sem as marcas de suas talentosas mãos, não existiu quem mas anunciasse Touros para os tourenses do que ele com aquilo que se propôs a ser um artista em sua essência. Quantas crianças foram felizes com os personagens pintados por ele em aniversários? Quantos saudosos não levaram uma réplica do farol feita por ele? Quanto Touros lhe deve? Em reconhecimento, valorização e respeito? Não saberia dizer pois artistas como ele são impagáveis não apenas por ser um profissional mas por transformar em arte nossos sentimentos, anseios e desejos. Quantos sorrisos tirou das pessoas, que ao verem o trabalho terminado disseram: ficou do jeito que eu queria.

É por isso e por tudo que você representa para nosso município que a José Pereira da Siva (Dedé Pereira) Touros vem dizer muito obrigado. 

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