terça-feira, 14 de julho de 2020

Valorizando o que é nosso: Severino fotógrafo


As vezes pela vontade de nosso coração nós gostaríamos de congelar o tempo, impedi-lo de seguir seu rumo, paralisa-lo e usá-lo ao nosso bel prazer. Igualmente a uma fotografia que guarda nossas emoções e transfere para um instante a eternidade de um momento na hora em que ele acontece.

As vezes rever velhas fotografias nos faz imaginar o impossível e nos perguntamos porque esse tempo não volta? E o tempo responde estou passando sem pensar em vocês, sem dizer seu rumo, sem respeitar a vida de cada um apenas passo e carrego tudo comigo coisas boas e ruins e todos vocês são escravos que por mais que se escondam nunca conseguirão escapar do meu julgamento.

A pessoa a quem faço essa humilde homenagem fez durante décadas um pacto com o tempo. E com seu trabalho, dedicação e pioneirismo ele conseguiu fazer com que os instantes proporcionados pela dinâmica louca e irreversível do tempo fossem captados e servissem de uma espécie de fonte da juventude, onde nós vamos de vez em quando e revivemos todas as lembranças e emoções que esse homem conseguiu transformar em uma saudade boa que toma conta de nós todas as vezes que remexemos velhos documentos, a antiga caixa de sapatos que serve para guardar não apenas fotografia mais histórias de vida, os álbuns onde estão registrados parte da biografia dos filhos de Touros.

São emoções em preto e branco, são fotografias feitas em dias de sonhos, são registros em que nossas lagrimes as vezes molham ou aquele nó na garganta quase irresistível chega de repente pra nos dizer vivemos isso e se não fosse o trabalho desse homem apenas a memória seria um baú de guardar saudades.

Casamentos, batizados, aniversários, festas de padroeiro no tempo em que tudo era mais familiar, as fotos 3x4 para a primeira matricula e a emoção das crianças na fila de seu estúdio todas se sentindo importantes, o seu profissionalismo posicionando carinhosamente as gerações de crismandos e os que faziam a primeira eucaristia, o riso dos pais, a satisfação dos jovens em saber que o tempo ali obedeceria as lentes de sua câmera e ficaria marcado na história de vida de cada um.

As fotos chegavam de Natal em torno de três dias para serem reveladas, as famílias se juntando para ver o pequeno álbum. O orgulho dos pais nas formaturas, as inesquecíveis fotos da festa do Divino Bom Jesus dos Navegantes, as fotos das viagens para o juazeiro.Viagens essas que que se tornaram tradicionais a cada ano com os tourenses visitando a terra do padre Cícero e na chegada a alegria traduzida na queima de fogos. A satisfação de registrar as famílias junto ao tradicional presépio na matriz.

As dificuldades de exercer uma profissão que lidava com as mais novas tecnologias na época, a honestidade de um homem e sua missão para sustentar sua família em uma comunidade que a maioria não tinha o poder aquisitivo para “bater uma foto”, o desejo daqueles que não podia impulsionava esse homem a entender e acatar essa condição e por muitas vezes registrar o sorriso das famílias, a alegria das crianças, o orgulho dos pais, a beleza das jovens, a simplicidade do nosso povo sem muitas vezes receber por seu trabalho.

Ao final dos sete de setembro, as realizações religiosas, as comemorações nas festas de padroeiros em toda região onde houvesse aglomeração podíamos ver a atuação desse profissional, trocando o filme da máquina, suor molhando a roupa, respondendo às perguntas, tipo chega quando? Colorida é muito cara? Eu pego lá na sua casa? Tudo isso ele fazia ao mesmo tempo com uma serenidade absoluta. Tinha ainda de se preocupar para não queimar a foto e entregar na data prometida.

Com ele Touros tinha a certeza que podia contar para registar parte da história particular e coletiva de sua gente, tempos onde o início de muitos de nós começou nesta roda louca do tempo e tivemos a sorte de ter alguém que com muitas dificuldades devido as limitações da época conseguiu captar aquilo que hoje nos faz de todas as formas querer reviver. Hoje ele está na galeria daqueles que contribuíram efetivamente para a afirmação de que merecíamos sempre ter o melhor. O melhor ângulo, o melhor sorriso, a alegria que duraria para sempre nas fotografias sensíveis que ele foi capaz de transformar hoje em lembranças boas.

O tempo, ele fez com que hoje toda criança consiga tirar uma foto, editá-la, deixar do jeito que ela quer e deseja, apagar se não gostar e sem se preocupar em congelar o tempo para reviver em um tempo próximo. Não há mais quadros grandes que transformavam com as arte na atração da casa simples da mãe saudosa de seu filho que morava distante.

Essas emoções verdadeiras hoje arrebata nosso peito e nos faz refletir sobre com importante foi a luta, o pioneirismo, o compromisso com o que sempre fez, editar como em capítulos de amor as faces que formaram a evolução de nossa gente e é por isso Senhor SEVERINO FOTÓGRAFO, que Touros vem lhe dizer muito obrigado por tudo sua história é uma fotografia exposta na alma de nossa terra.

Autor: Flávio Santos

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