Estudo mostra que quem prefere a verdade pode ter ganhos
substanciais na saúde física e mental, além de melhorar seus relacionamentos
interpessoais. Não faltam pesquisas sobre o tema
entre as principais instituições que estudam o comportamento humano em todo o
mundo. Já nem é mais o caso de definir a prática de contrariar a verdade, pois
isso já foi feito incontáveis vezes, mas de fazermos duas perguntas bem
interessantes:
1. Por que as pessoas mentem?
2. Vale mesmo a pena mentir?
Vamos nos ater à primeira pergunta, por enquanto. Por que
cargas d’água todo mundo sabe que mentir não é bom, tampouco aconselhável, e
mesmo assim mente a torto e a direito, embora em diferentes intensidades? Bem,
há vários motivos. O negócio é que, em muitos casos, as justificativas em que
as pessoas se escoram para faltar com a verdade também são mentiras que elas
contam a elas mesmas. Além disso, muitas mentiras não são apenas ditas. Algumas
são ações.
Então, vamos a alguns desses motivos de mentir, com alguns exemplos
(que não são poucos):
• Orgulho – Querer parecer superior ao que realmente é.
Bancar o intelectual sem se dar ao trabalho de realmente estudar ou ler. Roubar
os créditos por um trabalho que não fez e ser felicitado no lugar do verdadeiro
autor é algo bem comum até nos meios científicos. Em resumo, é uma questão de
ego.
• Evitar magoar alguém – É uma das desculpas mais usadas
pelos “mentirosos com causa”.
• Vergonha – Quem não conhece alguém que mente ter uma
origem humilde, que usa roupas caríssimas para que pareça pertencer a uma
classe financeira acima da real, esconde um problema de saúde para não ser alvo
da pena alheia (ou da fuga das pessoas, se o mal for contagioso).
• Correr das conse-quências de algo – Um criminoso que
não confessa ou nega o que fez para não ser preso, por exemplo. Está na moda,
inclusive, se considerar “a alma mais honesta” que existe. O menino que esconde
o boletim com notas baixas para não ficar de castigo, entre outros.
• Ganhos imerecidos – Inserir custos que não existem para
pôr preço em alguma mercadoria, algo bem praticado, aliás. Conquistar um
emprego “exagerando” no currículo. Promessas políticas de campanha que não serão
concretizadas só para ganhar votos.
• Insegurança – Manipular um cônjuge com proibições para
não perdê-lo para a “concorrência” é bem comum, infelizmente.
• Aceitação de um grupo – Não é incomum jovens
experimentarem drogas lícitas e ilícitas só para serem aceitos pelos “amigos”,
embora essa não seja, por vezes, uma vontade legítima. Vestir-se de um jeito
que não tem nada a ver com sua personalidade só para sentir-se integrado.
• Baixa autoestima – Entra no mesmo caso acima, o de ser
aceito, pois depende da aprovação alheia, já que não se aprecia.
• Preguiça – Para muitas pessoas é mais conveniente
parecer o que não é do que realmente batalhar para ser daquele jeito.
• Preservar a reputação – Também não é pouco comum
personalidades que posam de pilares da moral e, no entanto, praticam perversões
e atos desonestos.
Depois de vermos algumas causas e exemplos, a questão
seguinte é: vale a pena cometer ações como as citadas e correr o risco de
perder o que ganhou quando a verdade for revelada? Psicologicamente, moralmente
até, não precisamos nem de dados científicos para sabermos que não. Lembra-se
da historinha infantil Pedro e o Lobo? O menino do título colocava toda sua
aldeia em polvorosa gritando que apareceu um lobo na vizinhança e era uma
correria só, até verem que o garoto ria e se divertia com a agitação. Volta e
meia, ele repetia a peraltice. Até que um dia o travesso deu de cara com um
lobo de verdade e deu o alarme. Cansadas das mentiras, as pessoas não deram
bola. E lá se foi Pedrinho, que virou a refeição do animal. Isso é chamado de
descrédito, que é o que um mentiroso ganha até mesmo quando fala a verdade.
A recompensa da verdade
Há perdas óbvias para quem mente, claro. E quem não é
adepto da mentira, por sua vez, tem muito a ganhar. Uma pessoa confiável,
quando acontece algo sério em que sua reputação seja questionada, pelo menos
tem o benefício da dúvida. Mas há outro ganho para quem prefere a verdade. Uma
pesquisa publicada pela Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em
inglês) revelou que quem mente menos – ou nada – apresenta saúde mental e
física superior à dos mentirosos de plantão. O estudo, realizado pela equipe
liderada pela psicóloga Anita Kelly, da Universidade de Notre Dame, de Indiana,
nos Estados Unidos, submeteu os participantes a voluntariamente diminuírem
radicalmente suas mentiras (o que era comprovado com a ajuda de polígrafos
(aparelhos popularmente conhecidos como “detectores de mentiras”), enquanto sua
saúde era monitorada.
Resultado
Enquanto o pessoal da lorota não teve mudanças para
melhor no corpo e na mente – e algumas pessoas tiveram para pior, como
melancolia, depressão e dores de cabeça –, quem realmente diminuiu ou excluiu a
mentira da rotina apresentou um quadro bastante favorável de bem-estar físico e
ausência – ou diminuição – dos problemas citados. E qual foi o ganho na saúde
mental dos não mentirosos? Dados bem sólidos do estudo da Notre Dame mostram
resultados positivos como melhora nas suas relações interpessoais e interações
sociais com mais qualidade. Consciência tranquila faz bem à saúde.
Literalmente. Isso aconteceu porque, segundo os estudiosos de Indiana,
uma boa parcela das pessoas que lidam conosco percebe, ainda que
inconscientemente, quando usamos mentiras como desculpas ou buscamos manipulá-las
e tende a se proteger, erguendo barreiras, ainda que sutis, ao contato. Já
quando elas percebem que o interlocutor prefere mostrar os resultados reais de
suas ações tendem a se aproximar mais, com ligações mais intensas e positivas e
até a perdoar eventuais falhas. Dá para usarmos aqui, embora com um contexto diferente,
algo que alguém mais importante e sábio que cientistas disse há cerca de dois
milênios. Jesus Cristo proferiu uma frase célebre (em João 8.32) referente à
veracidade de Ele ser O Messias em pessoa, o que muitos duvidavam. Mas podemos
aproveitar Seus dizeres ao pé da letra para resumir tudo o que você leu até
aqui, incluindo a experiência dos psicólogos norte-americanos: “Conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará”. Dito e feito. Até a ciência comprova.
Publicado em 01/05/2016 às 00:05.Por Marcelo Rangel
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