A
melhor explicação pode estar em um sistema político débil, distorcido e míope,
que já não representa os interesses da nação e os nossos. Débil porque não
consegue se manter em pé sem o apoio de outras instituições. Distorcido porque
não consegue dar voz ou ouvir os anseios de nosso povo. E míope porque,
preocupado com soluções imediatistas, não enxerga o que verdadeiramente
necessitamos para ir adiante. Estamos vivendo o fim do sonho prometido por uma
Constituição Federal escrita sob legítimos ideais de liberdades civis amplas,
com promessas de farta distribuição de direitos sociais para todos. Precisamos
de uma reforma política que, democraticamente, entregue legitimidade aos
parlamentares que elegemos. Vereadores, deputados e senadores precisam ser
sustentados no poder apenas pelos votos que os levaram ao Legislativo, não por
negociatas podres patrocinadas por empresas e servidores públicos corruptos. Necessitamos
de partidos políticos que representem parcelas da população em seus legítimos
anseios e ideologias – sejam eles quais forem. Merecemos prefeitos,
governadores e presidentes que governem em nome do povo e do interesse público,
não para estruturas partidárias loteadas entre larápios. Este é um debate que
pode parecer difícil, distante de nós. Mas não é. Aliás, a situação só chegou a
este ponto porque sempre tratamos a política como um assunto de segunda
categoria. Produzimos até um dito popular que diz que “não se discute religião,
futebol e política”. O que conseguimos com isso? Um país afogado em preconceito
religioso e nosso futebol entregue a interesses particulares e torcidas
organizadas que se comportam como quadrilhas. Não dava mesmo para esperar nada
melhor de nossa política.
Publicado
em 22/05/2016 às 00:05.Por Renato Parente
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