segunda-feira, 23 de maio de 2016

Como foi que o Brasil chegou tão perto de desmoronar, pisoteado por uma gigantesca crise política e econômica?

A melhor explicação pode estar em um sistema político débil, distorcido e míope, que já não representa os interesses da nação e os nossos. Débil porque não consegue se manter em pé sem o apoio de outras instituições. Distorcido porque não consegue dar voz ou ouvir os anseios de nosso povo. E míope porque, preocupado com soluções imediatistas, não enxerga o que verdadeiramente necessitamos para ir adiante. Estamos vivendo o fim do sonho prometido por uma Constituição Federal escrita sob legítimos ideais de liberdades civis amplas, com promessas de farta distribuição de direitos sociais para todos. Precisamos de uma reforma política que, democraticamente, entregue legitimidade aos parlamentares que elegemos. Vereadores, deputados e senadores precisam ser sustentados no poder apenas pelos votos que os levaram ao Legislativo, não por negociatas podres patrocinadas por empresas e servidores públicos corruptos. Necessitamos de partidos políticos que representem parcelas da população em seus legítimos anseios e ideologias – sejam eles quais forem. Merecemos prefeitos, governadores e presidentes que governem em nome do povo e do interesse público, não para estruturas partidárias loteadas entre larápios. Este é um debate que pode parecer difícil, distante de nós. Mas não é. Aliás, a situação só chegou a este ponto porque sempre tratamos a política como um assunto de segunda categoria. Produzimos até um dito popular que diz que “não se discute religião, futebol e política”. O que conseguimos com isso? Um país afogado em preconceito religioso e nosso futebol entregue a interesses particulares e torcidas organizadas que se comportam como quadrilhas. Não dava mesmo para esperar nada melhor de nossa política.

Publicado em 22/05/2016 às 00:05.Por Renato Parente


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