Ela
cuidadosamente escuta a conversa alheia e logo sente aquele pingo de
satisfação. A mulher intrometida pode até se achar a esperta ao saber um pouco
mais da vida dos outros, mas não sabe o quão inconveniente costuma ser. “Lá vem
ela”, é o que costumam dizer – e há quem logo encontre uma desculpa para
despistá-la. Só
quem já abriu a porta de casa e deu de cara com aquela vizinha intrometida
sabe o quanto cada segundo pode parecer uma eternidade. A conversa
despretensiosa começa com a previsão do tempo e termina com aquelas perguntas
inconvenientes e invasivas. Ela quer saber das atualizações dos últimos dez
dias (ou dos dez últimos anos) da sua vida. Na certa, ela não vai deixar
escapar perguntas que já estão coçando na ponta da língua. “Está namorando?”,
“Não vai se casar?”, “Vai ficar para a titia?”, “Quando vai ter filhos?”, “Onde
comprou isso?”, “Quanto custou sua viagem?” E a lista não para. Não
é nada legal lidar com alguém que gosta de se intrometer e até de dar pitacos
na vida alheia sem que isso seja solicitado. Além do constrangimento, as
pessoas tentam evitá-la por considerá-la chata, pouco discreta e,
consequentemente, um tanto desagradável. A vítima, no entanto, não deve se
sentir na obrigação de manter a intrometida informada. Se sua franqueza,
respostas monossilábicas ou sua cara de paisagem não deixam claro para ela que
você está impondo limites, respire bem fundo. Isso funciona, acredite.
publicado em 22/05/2016 às 00:05.
Por Flavia Francelino / Foto: Fotolia
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