Uma
sorveteria de Santos, cidade do litoral paulista, apostou na honestidade de
seus clientes, mas perdeu a aposta. Um
freezer com sorvetes foi colocado na área externa da loja. Em cima do
equipamento, foi colocada uma pequena caixa para que os clientes deixassem o
pagamento referente ao produto escolhido. Não havia no local funcionário ou
câmera de vigilância. Os consumidores ficaram à vontade para pegar e pagar. mas
nem todos pagaram. Alguns
consumidores que não tinham dinheiro trocado deixaram mais do que o valor do
sorvete adquirido. Outros procuraram o caixa convencional, dentro da loja, para
pagar em débito ou crédito. Ainda assim, o prejuízo foi de 16%. Na
Europa, são comuns os “caixas rápidos”. O próprio cliente passa as compras pelo
leitor de código de barra, embala os produtos e paga com cartão. Em alguns
Estados brasileiros, como no Paraná, essa modalidade já existe. Claro
que alguém pode tentar ver o lado bom na questão da sorveteria de Santos e
alegar que a maioria (84%) pagou honestamente. Ainda assim, a empresa terá que
arcar com os 16% restantes por causa dos oportunistas. Quem
pegou o sorvete e não pagou por ele cometeu um crime. Por que pessoas que tiram
vantagem e proveito de situações como nesse caso não são consideradas ladras? A
lei é clara: apoderar-se de alguma coisa que pertence a outro sem pagar é
furto. Mas
aí vem aquela velha (e absurda) justificativa: “todo mundo faz.” Como se isso
fosse razão para alguém praticar algo ilegal. Não é.
Crime
disfarçado
Tirar
vantagem de alguém (e se vangloriar disso) é algo ruim, danoso. O curioso é que
muitos dos que fazem isso sentem-se indignados quando veem na TV matérias sobre
a corrupção no País. Não pensam que ao se apropriarem do que não lhes pertence
também estão sendo corruptos. São
muitas as práticas desonestas que acontecem no dia a dia: ficar com o troco a
mais, dado por engano; não declarar devidamente o Imposto de Renda, “furar” um
pedágio, etc. Um
país se faz com a prática do respeito e da honestidade – que não são
necessariamente virtudes, mas obrigações de qualquer cidadão. E isso não vale
somente para os políticos, mas para cada um de nós. Voltando
à sorveteria santista, a iniciativa vai ficar só na base da experiência mesmo.
Nas próximas semanas, quem quiser tomar seu sorvete vai ter que recorrer ao bom
e velho caixa interno, operado por um funcionário. Lá, assim como em um país
que deseja ser sério, liberdade e democracia só funcionam quando cada pessoa é
capaz de fazer o seu papel de cidadão e quando cada indivíduo age corretamente,
com honradez e honestidade.
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