sábado, 25 de junho de 2016

Você se dispersa facilmente no trabalho?


Em qualquer atividade profissional a cobrança por produtividade e melhores resultados é inevitável, pois vivemos uma época em que a competitividade do mercado de trabalho faz com que o colaborador sempre tenha que mostrar elevado desempenho. Por isso, conseguir administrar a rotina e aproveitar ao máximo as horas do expediente pode ser muito favorável para alcançar a performance esperada e também representa possibilidade de ascensão profissional. Contudo, nem todos costumam fazer isso. Muitos passam bastante tempo dispersos, o que pode prejudicar a carreira, sem falar que essa atitude pode significar perda de tempo. A conferente Mariana Ventura Ferreira, de 26 anos, (foto ao lado) passou por uma situação assim. Ela tinha o hábito de acessar a internet enquanto estava trabalhando e acabava reduzindo o tempo dedicado às atividades de trabalho. “A internet me atrapalhava muito e eu não conseguia nem atingir a meta no trabalho. E o vício era tão grande que, às vezes, não havia notificação nenhuma, mas eu tinha necessidade de mexer no celular, destravar e olhar como se tivesse. As pessoas falavam comigo, eu as olhava e perguntava o que tinham dito, porque não conseguia me concentrar nelas”, explica. Os colegas de Mariana começaram a falar para ela que sua atitude poderia lhe causar problemas, mas a jovem não ligava muito, até que um pequeno acidente aconteceu. “Um dia, ao sair do serviço e mexer no celular, atravessei a rua e bati a cabeça em uma árvore”, conta. A partir disso, a jovem entendeu que tinha realmente que fazer algo em relação à dispersão e restringiu o uso do aparelho, principalmente no trabalho. “Tive que priorizar as coisas mais importantes na minha vida. Agora consigo me concentrar mais e até consegui atingir a meta no trabalho. Converso melhor com as pessoas e sempre frente a frente. Os chefes perceberam minha mudança de atitude e até me deram mais responsabilidades”, revela. Para ajudar em casos como o de Mariana, a Folha Universal conversou com o coach Emanuel Quiróz, da Quiróz & Quiróz, de Porto Alegre. O life professional, de 50 anos, dá algumas dicas de como e por que é importante melhorar a produtividade no trabalho.

Qual o principal problema que atrapalha o trabalho?

A dispersão e a falta de foco. O foco é necessário primeiro porque estamos executando uma função que é paga dentro de uma estrutura, recebendo um salário e temos que dar um serviço em troca. O nosso tempo passa a ser o tempo da instituição.

Como se conscientizar do problema?

É preciso levar em consideração que hoje em dia está difícil para arranjar e também para manter um emprego. As empresas querem quem tem maior comprometimento com elas e isso se reflete nos resultados. Quem não os alcança acaba sendo trocado por quem vai cumprir as metas. Por isso, o tempo é tão importante. É preciso refletir se estamos fazendo uma troca honesta e realmente cedendo o nosso tempo para a empresa.

Como otimizar o tempo?

Para evitar dispersão é preciso ter disciplina, criar uma atitude mental de que você está no trabalho para trabalhar, um condicionamento, uma espécie de gatilho que dispara quando você entra todo dia na empresa.

Como não se dispersar com as redes sociais ou o Whats-App, por exemplo?

A internet é a nova televisão onde se vê de tudo, o que tira a atenção muito facilmente. Por isso, é preciso se disciplinar e não gastar o seu tempo com informações que não serão utilizadas no trabalho e refletir se está correspondendo com o horário que estão me pagando, usando o meu tempo dentro da organização para prestar um serviço. Não digo que seja para sair totalmente da internet, mas tem que começar a refletir.

Organização passa a ser fundamental?

Fazer uma lista de prioridades e começar a organizá-las com prazo de entrega, não tempo de execução, já permite ter uma listagem do que deve ser concluído mais rapidamente. Com o tempo, as ações vão se aprimorando e as pessoas começam a saber o real tempo de suas tarefas.

Exemplos dentro da empresa podem ajudar?

Exemplos de sucesso sempre nos dão o norte. Quem está tendo os melhores resultados, quem é admirado e o que essas pessoas fazem para chegar nesse ponto também serve de orientação. No fim das contas, a vida sempre nos mostra algo, é só uma questão de nós nos abrirmos.

Qual a importância do chefe nesse momento?

O chefe é importante para orientar o funcionário nesse sentido, mas é preciso ter a humildade de chegar nele e perguntar. Há um ditado japonês que diz “perguntar é a vergonha de um dia, mas não perguntar pode ser uma vergonha para sempre”.

A vida pessoal contribui para se dispersar no trabalho?

Salvo algum problema de saúde, é possível não deixar que ela interfira no trabalho. É uma questão de disciplina.

Que outra dica você dá para que não haja dispersão?

Um bom exercício é se colocar no lugar do patrão e se perguntar o que ele e a organização gostariam que eu fizesse. Uma análise mais profunda para ter empatia e saber o que está acontecendo na outra ponta. Por exemplo, se eu fosse o meu patrão me despediria pela minha conduta? Se a resposta for sim, é hora de mudá-la. Afinal, perder um posto de trabalho por ser relapso pode trazer a sensação de que tudo poderia ter sido feito de um jeito diferente.

Longas reuniões também podem aumentar a dispersão do trabalho?


Algumas reuniões realmente são longas. Eu sou muito adepto de reuniões curtas, nas quais você dá o briefing, fala do dia anterior, do que poderá ser feito hoje e depois dá uma dica, de segurança, por exemplo. Isso cria uma cultura na empresa também de otimizar o tempo para manter o grupo sempre coeso.

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