França e sua celebrada capital Paris se tornaram alvo preferencial dos radicais islâmicos. Para a história, 2015 ficará marcado como o ano em que o país foi amedrontado por duas ações do Estado Islâmico. Por que Paris? Especialistas ouvidos por ZH listaram seis motivos.
Ataques franceses
Quando o assunto é Síria, o belicismo do presidente François Hollande é uma das explicações mais citadas. A França é parte da coalizão que ataca o Estado Islâmico (EI). Desde 2014, é ativa nos bombardeios aéreos.
— É um país que está entre os maiores opositores verbais do Estado Islâmico — avalia Cristina Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo.
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Marginalização de muçulmanos
Nas últimas décadas, milhares de muçulmanos mudaram para a França, de política migratória mais flexível, em busca de oportunidades.
— Jovens franceses descendentes de argelinos e de outros países colonizados cresceram ressentidos porque não foram incorporados à sociedade. Não se sentem franceses. Foram para lá para desfrutar de oportunidades que não foram oferecidas — ressalta Fabiano Mielniczuk, do curso de Relações Internacionais da ESPM-Sul.
A alienação da cultura dominante e o desemprego também são listados como causas.
— Os muçulmanos representam entre 7% e 10% da população total da França, mas são cerca de metade da população carcerária de 68 mil pessoas — diz Gabriela Mezzanotti, coordenadora do curso de Relações Internacionais da Unisinos.
População muçulmana e recrutados para o EI
Com larga população muçulmana, a França conta com milhares de descendentes de imigrantes que nasceram no país. Muitos são recrutados para atuar com os terroristas.
— Em torno de 700 cidadãos franceses estão na Síria lutando com o Estado Islâmico. Vários deles combateram por um período e, depois, voltaram à França — avalia Fabiano Mielniczuk, da ESPM-Sul.
Com muitos dos seus cidadãos integrando o radicalismo islâmico, é natural que a França, onde estão circulando terroristas e simpatizantes, se torne um alvo.
Ódio à cultura do Ocidente
A dimensão cultural de Paris, cosmopolita e libertária, não é aceita pelos terroristas.
— A França é um símbolo de valores tidos como perversos pelo radicalismo islâmico. São os valores da liberdade, alcançados pela Revolução Francesa. São símbolos a serem combatidos pelos jihadistas — diz Cezar Roedel, da Faculdade da Serra Gaúcha.
No comunicado em que reivindicou a autoria dos atentados, o EI não deixou dúvida sobre o aspecto cultural e conservador dos ataques. Paris é definida como a "capital da prostituição e do vício".
Terrorismo a celular
Ataques não estão mais concentrados aqui ou ali. Células deixaram de ser localistas. Pela proximidade com áreas conflagradas, a Europa não ficaria de fora do circuito.
— Se considerarmos que países da África e do Oriente Médio convivem diariamente com terrorismo, os ataques na Europa tendem a aumentar — destaca Gabriela Mezzanotti, da Unisinos.
A Primavera Árabe também levou caos a países como Egito e Líbia.
Ultra direita
A cada eleição ganha corpo o discurso da ultradireita francesa, discriminando cidadãos islâmicos.
— O movimento fundamentalista da direita francesa é liderado pela família Le Pen, um grupo político com 15% a 20% dos votos. Eles mobilizam parte da população com um discurso xenófobo e neonazista muito forte. Isso ajuda a tornar alvo de atentados — analisa Cristina Pecequilo, da Universidade Federal de São Paulo.
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/
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