Na era das redes sociais, postar fotos do dia a dia é uma atividade
corriqueira. No universo on-line é comum ver imagens e até vídeos das
crianças brincando, comendo, enfim, em momentos de lazer compartilhados
pelos próprios pais. Será que essa exposição é saudável? Especialistas
alertam que esse hábito, aparentemente inofensivo, pode trazer sérios
riscos.
Uma pesquisa divulgada pela empresa de segurança virtual AVG mostrou
que 81% dos pais entrevistados em dez países publicam fotos dos filhos.
Só aqui no Brasil, o percentual sobe para 94%.
Recentemente, uma campanha on-line intitulada Desafio da Maternidade,
em que mães postavam fotos dos filhos em diversos momentos da vida,
chamou a atenção das autoridades internacionais. Na ocasião, a rede
social Facebook se pronunciou sobre a questão e pediu cautela aos
usuários.
Segundo o portal norte-americano de cultura e tecnologia The Verge,
esse cuidado é necessário porque essas fotos podem ser acessadas por
pessoas com más intenções, uma vez que qualquer um pode ter acesso. Além
do que os pais não sabem quem são os estranhos que verão as imagens –
muitos assaltantes e sequestradores têm planejado seus crimes por meios
digitais.
Para Adriana Severine, psicóloga especialista em terapia cognitiva
comportamental, o perigo se torna ainda maior porque não é possível
controlar a circulação dessas fotos. “Elas podem sair do seu grupo
restrito e alcançar várias pessoas. Outro problema é que as fotos podem
ser usadas em montagens com cunho pornográfico, utilizando o rosto das
crianças e divulgando-as em grupos de pedófilos”, alerta.
Outro motivo são os impactos psicoemocionais na vida da criança. Ela
pode se deparar com comentários ofensivos (cyberbullying) ou sentir que a
sua privacidade foi invadida.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é claro ao pontuar que a
inserção de publicações que exponham criança ou adolescente é ilegal,
porque é dever do Estado assegurar, com absoluta prioridade, o direito à
educação, à dignidade e ao respeito, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, opressão e discriminação.
O que postar?
É preciso evitar postar fotos dos bebês sem roupa e do seu filho com
outras crianças (caso não exista a prévia autorização dos pais) em alta
resolução (para evitar que sejam facilmente editadas) ou ao lado de
objetos ou bens de alto valor (para não atrair os olhares de bandidos).
“O ideal é apenas divulgar as fotos para grupos restritos. Deve-se
também evitar fotos em que seja fácil identificar a localização das
crianças, como, por exemplo, onde elas estudam ou lugares que costumam
frequentar. Acredito que o melhor para divulgar – se realmente for
necessário – é criar grupos no WhatsApp e enviar para pessoas que fazem
parte do seu ciclo de amizade e familiar”, aconselha a psicóloga.
Não há problema em publicar uma foto da família reunida, mas é
essencial questionar antes de postar: para quem é esta publicação? Ela
pode trazer algum dano para mim ou meus filhos?
Preservar a imagem das crianças é uma atitude de amor e também uma forma de proteção.
Fonte: universal.org
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