Pessoas que tentam constantemente se autoafirmar geralmente carregam um grande vazio dentro delas. Pode até parecer que têm complexo de superioridade, mas, quando se olham no espelho, no lugar de alguém com a personalidade forte, segura e plena que tentam mostrar que são, veem o reflexo de alguém frágil e sem brilho. São portadoras da chamada falsa autoestima.
Elas também estão presentes no ambiente de trabalho e costumam ser prepotentes, inseguras, humilham os colegas, são extremamente egoístas. Essas características, na realidade, mascaram sua falta de amor-próprio.
Radar
Para identificar uma pessoa com falsa autoestima no trabalho devemos prestar atenção aos seguintes detalhes: se é alguém rígido, que não compartilha informações, que não confia em ninguém, que acredita que é perfeita, que é conhecedor de tudo e quer controlar todas as atividades.
Fernanda Rigon, psicóloga organizacional e coach em orientação vocacional de carreira e gestão de emoções da Escolha Certa Carreira, considera que a a raiz da falsa autoestima está na infância e ela acaba se potencializando dentro de um ambiente organizacional, o que gera um grande problema, pois traz prejuízos à empresa, em especial às de pequeno porte, que sentem mais a perda com a falta de produtividade dos funcionáios e gestores.
Ela cita também que a falsa autoestima pode ser fruto da inversão de valores na sociedade. Para ela, essas pessoas esquecem de valores básicos, como amor ao próximo e solidariedade, e muitas precisam passar por um processo de autoconhecimento e entendimento de seu potencial, independentemente de ser um chefe ou um funcionário. “Quando a pessoa entende quem é e aprende a lidar com as suas emoções, tem uma percepção real de si mesma, consegue enfrentar os desafios sem sabotar o outro, passa a confiar nas pessoas e a valorizá-las, sem criticar suas fraquezas”, alerta.
Batalha de gestores e funcionários
Quando o problema está no funcionário, o líder precisa evitar a ocorrência dos conflitos, pois se permiti-los corre o risco de gerar um ambiente de fofoca e sabotagem. “Uma pessoa com esse tipo de comportamento, uma ‘maçã podre’, pode contaminar outros funcionários, ou, no mínimo, desmotivá-los, ou seja, apodrecer as demais maçãs”, acrescenta Fernanda. Para ela, empresas com esse perfil de trabalhadores têm um grande número de afastamentos por síndrome de pânico e depressão.
A falsa autoestima de um funcionário pode também ser influenciada pelo ambiente organizacional e pela cultura insana da empresa que tem foco somente em resultados. “Pesquisas comprovam que o ambiente que contribui para a motivação consegue 80% de produtividade, enquanto o insano só 8%”, diz a psicóloga.
Contudo, não são apenas os funcionários que sofrem de falsa autoestima. Líderes e gestores também enfrentam esse problema. Muitos humilham os funcionários pela posição que ocupam e não conseguem dar liberdade e autonomia para que os funcionários produzam.
“Quando o erro está no líder o impacto é generalizado. Costumo dizer que as pessoas não se demitem das empresas e sim dos chefes”, explica a especialista. Ela adverte que só é possível ajudar quem quer ser ajudado, já que algumas pessoas com falsa autoestima não percebem seus erros até que sejam demitidas. Outras, mesmo quando avisadas quanto ao seu comportamento inadequado, fazem o papel de vítimas e culpam os demais.
Experiência e aprendizado
O cientista de dados Felipe Gava, de 25 anos, atuou em duas empresas com pessoas que tinham falsa autoestima. “Meu colega precisava se autoafirmar, expor todos os feitos dele, enaltecer qualquer atitude sua, até a mais simples. Ele precisava tornar tudo muito bom porque tinha medo de que as pessoas não o valorizassem. E também encontrava erros em todos os colegas”, comenta.
Para Felipe, o maior incômodo foi o sentimento de insegurança provocado pela sensação de ser constantemente humilhado. “Pessoas tóxicas criam ambientes tóxicos e influenciam outras pessoas.”
No antigo emprego, Felipe também conviveu com gestores que agiam dessa forma e conta que a alta rotatividade dos funcionários era comum. “Nesta empresa o gestor era uma pessoa que humilhava os funcionários de forma pública. Fiquei três meses no local antes de pedir demissão. Não consegui me acostumar. Nesse período acompanhei a saída de seis pessoas. Eu não entendia o motivo da prática ser tão frequente, até perceber que essa pessoa escolhia suas vítimas entre os colaboradores que tinham pouco tempo na empresa.”
Atualmente, Felipe trabalha em uma empresa de marca e mídia e diz o que aprendeu com essas experiências: “para alcançar outros níveis na empresa é preciso realizar sempre um bom trabalho, que agregue valor. Muitas pessoas trabalham duro, mas é necessário dar um passo além: ajudar os outros e também contribuir para a melhoria do processo interno. Essa atitude atrai olhares e não é preciso escrever e mostrar um cartaz com seu comportamento ou copiar seus gestores nos e-mails. Basta apenas fazer um bom serviço”, afirma.
Fonte: universal.org
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