sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Os sonhos abrem a janela da inteligência

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Quem consegue decifrar o ser humano? 

Um paciente me disse certa vez que era capaz de enfrentar um cachorro bravio, mas morria de medo das borboletas. Quais são os riscos reais que uma borboleta produz? Nenhum. O conflito desse paciente não é gerado pelos perigos reais, mas pelos imaginários. Seu drama não vem da borboleta física, mas vem da borboleta psicológica registrada de maneira distorcida em sua memória. 

Sua mãe lhe disse na infância que, se tocasse numa borboleta e depois colocasse as mãos nos olhos, ficaria cego. Quando o menino tocou numa borboleta, sua mãe gritou. O grito de alerta cruzou com a imagem da borboleta. Ambos os estímulos foram registrados no mesmo lócus do inconsciente, na mesma janela da memória. A belíssima e inofensiva borboleta tornou-se um monstro. 

Durante toda a infância, quando esse paciente enxergava uma borboleta, ele detonava um gatilho psíquico que abria em milésimos de segundos a janela da memória em que a imagem doentia estava registrada. A borboleta imaginária era libertada do seu inconsciente, assaltava-lhe a emoção e roubava-lhe a tranquilidade. 

O grande problema é que, toda vez que ele tiver uma experiência angustiante diante de borboletas, ela será registrada novamente, contaminando outras janelas da memória. Quanto mais áreas doentias estiverem comprometidas, mais ele irá reagir sem racionalidade. Se esse paciente não reescrever a sua história, poderá tornar-se uma pessoa fóbica, frágil, com tendência a inúmeros outros tipos de medos. 

O mecanismo que acabamos de descrever é um dos segredos da psicologia. Por meio da teoria da Inteligência Multifocal estamos desvendando alguns fenômenos contidos nos bastidores da nossa mente que afetam todo o processo de construção de pensamentos e geram os traumas psíquicos. Não é a realidade concreta de um objeto que importa para nossa personalidade, mas a realidade interpretada, registrada. Todos criamos monstros que dilaceram sonhos. Frisou Augusto Cury, 2013.

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