domingo, 14 de janeiro de 2018

Cantadas indesejadas também são formas de assédio

Por Janaina Medeiros/ Foto: Fotolia

Atualmente, é cada vez mais comum vermos mulheres passando por momentos de constrangimento e de assédio sexual praticados pelos homens nos espaços públicos. Ao caminharem nas ruas ou andarem nos transportes coletivos acabam se envolvendo em situações desagradáveis ao escutarem assobios, comentários de viés sexual, olhares malquistos e até mesmo formas de contato indesejado.
A situação é tão corriqueira que um levantamento do projeto Think Olga feito com 7.762 mulheres brasileiras constatou que 99,6% das entrevistadas já foram assediadas em algum momento na vida. Dentre elas, 98% receberam a cantada na rua e 81% já mudaram a rotina por medo de serem alvo de um novo assédio. 
A psicanalista Anna Clara Mattos ressalta que o homem deve demonstrar cuidado com qualquer mulher para que nem mesmo um olhar diferenciado possa demonstrar um tipo de assédio. “Essa postura é detestável e não podemos admiti-la. O homem precisa respeitar a mulher independentemente da sua vestimenta, do seu jeito de caminhar e do seu comportamento, e não ficar culpando-a pelo que ela fez ou deixou de fazer”, alega.
Isso porque nem sempre ocorre alguma provocação por parte da mulher para motivar o homem a fazer essas investidas indesejadas contra ela. “Nada que a mulher faça pode ser motivo justificável para que ele pratique algum tipo de assédio. É preciso se controlar de qualquer forma e, caso não consiga fazer isso sozinho, é melhor procurar ajuda”, destaca a psicanalista.
Mas ela defende que essa atitude deve ser cobrada tanto por mulheres quanto por homens. “Ninguém tem o direito de assediar o outro. Cada pessoa precisa se colocar no lugar da outra e pensar: ‘eu gostaria de ouvir esse tipo de constrangimento, se eu estivesse na pele dela?’ Quando há essa empatia fica mais fácil não desrespeitar o próximo”, orienta.
Portanto, é preciso entender que o respeito deve acontecer em qualquer ambiente, seja em espaços públicos, como as ruas, seja em espaços particulares, como no trabalho, por exemplo. Mas é necessário que diante de qualquer tipo de assédio seja feita a denúncia, para que essa atitude possa inibir a ocorrência de novos casos. 
Fonte: universal.org

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